sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Todos os Santos e Fiéis Defuntos

"Vinde, benditos de Meu Pai,
recebei em herança o Reino preparado para vós
desde o princípio do mundo".
(Mt. 25:34)


No dia 1 de Novembro, a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos. Nesta solenidade homenageamos todos aqueles homens e mulheres que viveram a vida de santidade pedida por Cristo, mas de forma anónima, sem serem conhecidos. A Igreja celebra nesse dia, os santos desconhecidos, aqueles que tiveram apenas a Deus por testemunha de suas obras e orações a favor dos necessitados.

Quantas pessoas no silencio de suas vidas, no anonimato do quotidiano, não se sacrificam rezam e trabalham por uma sociedade mais cristã, pedindo graças e intercedendo pelos homens? Quantas pessoas se tornam verdadeiros heróis da santidade sem que o mundo deles se de conta?

Pois bem, na festa de Todos os Santos a Igreja não pretende lembrar somente dos santos conhecidos e oficialmente canonizados, mas de todos aqueles que estão nos céus, de todos aqueles que só Deus conhece a santidade. A Igreja nesse dia comemora todos os homens e mulheres que já alcançaram a glória eterna e por isso mesmo intercedem por nós a todo o momento.

Nós, católicos, temos o dever de pensar nessas santas almas que deram grande testemunho de acção evangélica, embora muitas vezes no total desconhecimento publico.

Essa festa, já muito antiga, foi instituída no século VIII. Nessa solenidade a Igreja nos dá a oportunidade de cantarmos juntos com todos os bem aventurados, as alegrias dos céus, a qual nos também estamos destinados. Isto é muito importante. Nossa casa definitiva não é neste mundo! Aqui temos apenas uma existência passageira. Estamos destinados à glória perfeita com Deus, com seus anjos e santos.

Nós também podemos ser santos. Quando trabalhamos com ânimo no dia-a-dia. Quando suportamos com espírito forte as dores e os problemas de nossa vida, entregando tudo às mãos da Providência Divina. Quando rezamos com amor e devoção de forma regular e quotidiana. É necessário que peçamos a Deus o dom da santidade! Podemos fazer isso pedindo primeiro a graça das virtudes chamadas teologais que são. A Fé, a Esperança e a Caridade. Sim, pois nossa Fé tem de ser firme e bem construída. Depois a graça da Esperança, que nos faz desejar as coisas dos céus. Finalmente devemos ter o Amor, aquele grande amor em primeiro lugar a Deus, a Nossa Senhora, Maria Santíssima e, por extensão, aos homens.

Outras virtudes nos virão, se rezarmos sempre com grande fervor. As virtudes da Fortaleza, que nos faz suportar as dores desse mundo com firmeza e sem desânimo. A virtude da Justiça, tão necessária no mundo de hoje. A virtude da Prudência, que nos faz agir na hora certa depois de pensarmos com cuidado cada situação da vida.

A festa de Todos os Santos é uma excelente oportunidade para reflectirmos no fim último de cada um de nós. Somos cidadãos destinados a uma cidade eterna, o Reino dos Céus. Devemos caminhar por esta vida com a certeza de que Deus, por sua infinita misericórdia há de nos acolher em sua casa celeste onde já estão "uma grande multidão, que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos e povos e línguas" como nos explica o Apóstolo São João no Apocalipse. (Ap. 7,9).

E como nos ensina o padre Francisco Fernández Claraval, "no Céu espera-nos a Virgem, para estender-nos a mão e levarmos à presença de seu Filho e de tantos seres queridos que ali nos aguardam".

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No dia 2 de Novembro, lembramos as almas daqueles que, tendo a certeza da salvação, encontram-se ainda no Purgatório, a purificarem-se dos vestígios do pecado, para poderem depois, com as suas almas imaculadas, apresentarem-se diante de Deus e com Ele viverem para todo o sempre.


"Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para não suceder que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo." (Mt 5, 25-26).

Jesus estava a falar aos Apóstolos a respeito das punições que esperam os pecadores após a morte. Antes se referira ao fogo da Geena - o Inferno -, uma prisão perpétua, eterna. Mas aqui Ele fala de um cárcere do qual se poderá sair, desde que seja pago o débito, até o último centavo.
Essa prisão temporária, um estado de purificação para os que morrem cristãmente sem terem atingido a perfeição, é o Purgatório. Lugar misterioso, mas onde reina a esperança e os gemidos de dor são entremeados por cânticos de amor a Deus.

A origem desta celebração está na famosa abadia de Cluny, quando seu quinto Abade, Santo Odilon, instituiu no calendário litúrgico cluniacense a "Festa dos Mortos", dando especial oportunidade a seus monges de interceder pelos defuntos, ajudando-os a alcançarem a bem-aventurança do Céu.

A partir de Cluny, essa comemoração foi-se estendendo entre os fiéis até ser incluída no Calendário Litúrgico da Igreja, tornando- se uma devoção habitual, em todo o mundo católico.

Sabemos que a Igreja Católica é una. É o que rezamos no Credo.
Entretanto, os membros da Igreja não estão todos aqui, entre nós, mas em lugares diversos, como diz o Concílio Vaticano II. Alguns "peregrinam sobre a terra, outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados" (Lumen Gentium, 49).

Entre a terra e o Céu não é raro acontecer, no itinerário da alma fiel, um estágio intermediário de purificação. Segundo nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, por aí passam "os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão perfeitamente purificados".
Por isso "passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu" (nº 1030).

Esse estado de purificação nada tem a ver com o castigo dos condenados ao Inferno, pois as almas do Purgatório têm a certeza de haver conquistado o Céu, mesmo que sua entrada ali tenha sido adiada por causa de seus resíduos de pecado.

A primeira epístola aos Coríntios faz referência ao exame a que serão submetidos os cristãos, os quais, havendo recebido a Fé, devem continuar em si a obra de sua santificação. Cada um será examinado no respeitante ao grau de perfeição que atingiu:

"Se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá.
O dia
(do julgamento) demonstrá- lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo" (1Cor 3, 12-15).

"Ele será salvo", diz o Apóstolo São Paulo, excluindo o fogo do Inferno, no qual ninguém pode ser salvo, e se referindo ao fogo temporário do Purgatório. Comentando este e outros trechos da Sagrada Escritura, a Tradição da Igreja nos fala do fogo destinado a limpar a alma, como explica São Gregório Magno em seus Diálogos:

"Com relação a certas faltas leves, é necessário crer que, antes do Juízo, existe um fogo purificador, como afirma Aquele que é a Verdade, ao dizer que, se alguém pronunciou uma blasfémia contra o Espírito Santo, essa pessoa não será perdoada nem neste século nem no futuro (Mt 12, 31). Por essa frase, podemos entender que algumas faltas podem ser perdoadas neste século, mas outras no século futuro".

Por que existe o Purgatório?

Será Deus tão rigoroso a ponto de não tolerar nem mesmo a menor imperfeição, limpando-a com penas severas? Esta pergunta facilmente pode nos vir à mente. Estaremos diante de um Juiz sumamente santo e perfeito, e em seu Reino "não entrará nada de profano" (Ap 21, 27). Com efeito, na presença de Deus, de sua Luz puríssima, a alma percebe em si mesma qualquer pequeno defeito, julgando- se, ela mesma, indigna de tal majestade e grandeza. Santa Catarina de Génova, grande mística do século XV, deixou uma obra muito profunda sobre a realidade do Purgatório e do Inferno.

Explica ela o seguinte: "Digo mais: no concernente a Deus, vejo que o Paraíso não tem portas e ali pode entrar quem quiser, pois Deus é todo misericórdia e seus braços estão sempre abertos para nos receber na glória; mas a divina Essência é tão pura - infinitamente mais pura do que podemos imaginar - que a alma, vendo nela mesma a menor das imperfeições, prefere atirar-se em mil infernos a aparecer suja na presença da divina Majestade. Sabendo então que o Purgatório está criado para a purificar, ele mesma se joga nele e encontra ali grande misericórdia: a destruição de suas faltas".

Essas manchas, a serem purificadas na outra vida, o que são? São os restos de apego exagerado às criaturas, ou seja, as imperfeições, e os pecados veniais, bem como a dívida temporal dos pecados mortais já perdoados no Sacramento da Reconciliação. Tudo isso diminui na alma o amor de Deus. Por causa dessas afeições desregradas se estabelece um estado de desordem em nosso interior, afastando- nos do Mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas.

Essa é a causa pela qual, antes de permitir a uma alma subir até a glória celestial, "a justiça de Deus exige uma pena proporcional que restabeleça a ordem perturbada" (Suma Teológica, Supl. q. 71, a. 1) E a alma se sujeita ao castigo do Purgatório com alegria, em plena conformidade com a vontade do Senhor.

As almas benditas do Purgatório, logo após terem abandonado o corpo inerte, discerniram a inefável e puríssima beleza de Deus, mas não podem possuí-la imediatamente. Santa Catarina de Génova usa uma expressiva metáfora para explicar essa dor:

"Suponhamos que, no mundo inteiro, exista apenas um pão para matar a fome de todas as criaturas, e que basta olhar para esse pão para ficarem satisfeitas. Por sua natureza, o homem saudável tem o instinto de se alimentar. Imaginemos que ele seja capaz de se abster dos alimentos sem morrer, sem perder a força e a saúde, mas aumentando cada vez mais a fome. Ora, sabendo que só aquele pão pode saciá-lo e que não poderá matar sua fome enquanto não o alcançar, ele sofre sacrifícios insuportáveis, os quais serão tanto maiores quanto mais longe ele estiver do pão".

Por isso, há nas almas do Purgatório um matiz de alegria no meio da dor. De forma brilhante, explica- o o Papa João Paulo II, na alocução de 3 de Julho de 1991: "Mesmo que a alma tenha de sujeitar-se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, pois sabe que pertence para sempre ao seu Deus".

E Santa Catarina de Génova afirma: "Estou certa de que em nenhum outro lugar, exceptuando o Céu, o espírito pode achar uma paz semelhante à das almas do Purgatório".

Isso ocorre porque a alma se fixa na disposição em que se encontra na hora da morte, ou seja, contra ou a favor de Deus, pois a liberdade humana termina com a morte. E tendo falecido na amizade de Deus, a alma do Purgatório se adapta com docilidade à sua santa vontade. Daí conservar a paz em meio a terríveis sofrimentos.

Não devemos pensar só no nosso destino pessoal, mas também nos perguntarmos como podemos ajudar aquelas almas que já estão à espera da libertação. Elas não podem fazer nada por si, pois estão impossibilitadas de alcançar méritos, e dependem de nós. Interceder por elas é uma belíssima e valiosa obra de misericórdia: de certo modo, não há ninguém mais carente do que elas.

Diversos Padres da Igreja promoveram essa prática, como São Cirilo de Jerusalém, São Gregório de Nissa, Santo Ambrósio e Santo Agostinho. No século XIII, o Concílio de Lyon ensinava:
"As almas são beneficiadas pelos sufrágios dos fiéis vivos, quer dizer, o sacrifício da Missa, as orações, esmolas e outras obras de piedade, as quais, segundo as leis da Igreja, os fiéis estão acostumados a oferecer uns pelos outros".

Como é bela a devoção às benditas almas do Purgatório! É agradável a Deus e nos beneficia também, levando-nos à verdadeira dimensão cristã da existência, fazendo-nos viver em contacto e comunhão com o sobrenatural, e com o futuro, no sentido mais pleno da palavra. Como essas pobres almas nos ficarão agradecidas ao receber nosso auxílio! Poderão ser nossos parentes, ou até mesmo nossos pais. Poderá ser alguém que não conhecemos, e que nos dará uma afectuosa acolhida na eternidade. No Céu, e enquanto ainda estiverem no Purgatório, elas rezarão por nós, com todo o empenho, pois Deus lhes dá essa possibilidade.
Rezemos por essas almas necessitadas, ofereçamos- lhes Missas, dêmos esmolas por elas, façamos sacrifícios e consigamos que outras pessoas se tornem devotas fervorosas das almas benditas.

Vimos que a Igreja triunfante do céu, a Igreja militante da terra e a Igreja sofredora do purgatório, paciente, nada mais são que uma só e a mesma Igreja Católica; que a caridade, mais forte que a morte as uniu do céu à terra, e da terra ao purgatório. São como três partes duma só e mesma procissão de santos, procissão que avança da terra ao céu. As almas do purgatório participarão daquela procissão um dia. Sim, porque ainda não tem, bem brancas, as vestimentas de festa, a roupa nupcial ainda guarda nódoas, aquelas nódoas que somente o sofrimento limpa.

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Requiem aeternam dona eis Domine
et lux perpeuta luceat eis.
Requiescant in pace.
Amen.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pior cego é o que não quer ver

"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja,
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." (Mt 16.18)

"Suponha, caro amigo, que o Comunismo foi somente o mais visível dos instrumentos de subversão usados contra as tradições da Revelação Divina. As mensagens da Santíssima Virgem a Lúcia de Fátima preocupam-me. Esta persistência de Maria sobre os perigos que ameaçam a Igreja é um aviso do Céu contra o suicídio de alterar a Fé na Sua liturgia, na Sua teologia e na Sua alma".

"Ouço à minha volta inovadores que querem desmantelar a Capela-Mor, destruir a chama universal da Igreja, rejeitar os Seus ornamentos e fazê-lA ter remorsos do Seu passado histórico."

"Chegará um dia em que o Mundo civilizado negará o seu Deus, em que a Igreja duvidará como Pedro duvidou. Ela será tentada a acreditar que o homem se tornou Deus. Nas nossas igrejas, os Cristãos procurarão em vão a lamparina vermelha onde Deus os espera. Como Maria Madalena, chorando perante o túmulo vazio, perguntarão: "Para onde O levaram?".

Palavras do Cardeal Eugenio Pacelli, futuro Papa Pio XII, quando era Secretário de Estado do Papa Pio XI.

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"Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que depois do Concílio viria um dia de sol para a história da Igreja. Veio, em vez disso, um dia de nuvens, de tempestade, de escuridão. Por algum lugar, a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus."

Papa Paulo VI, alocução papal de 30 de Junho de 1972.
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"Temos que admitir realisticamente e com sentimentos de intensa dor que hoje os Cristãos, na sua grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e mesmo desapontados; abundantemente se espalham ideias contrárias à verdade que foi revelada e que sempre foi ensinada; heresias, no sentido lato e próprio da palavra, propagaram-se na área do dogma e da moral, criando dúvidas, confusões e rebelião; a liturgia foi adulterada. Imersos num relativismo intelectual e moral e, portanto, no permissivismo, os Cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, por um iluminismo vagamente moral e por um Cristianismo sociológico desprovido de dogmas definidos ou de uma moralidade objectiva".

Papa João Paulo II, citado em L'Osservatore Romano, 7 de Fevereiro de 1981.
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"Senhor, a tua Igreja parece-nos uma barca que está para afundar-se, uma barca que mete água por todos os lados. E mesmo no teu campo de trigo, vemos mais joio do que trigo. A roupa e a cara assim sujas da tua Igreja assustam-nos. Mas somos nós mesmos que a sujamos! Somos nós mesmos que te traímos vez após vez, depois de todas as nossas grandes palavras, os nossos grandes gestos. Tem piedade da tua Igreja: mesmo no interior dela, Adão cai constantemente. Com a nossa queda, arrastamos-Te pela terra, e Satanás ri-se, porque espera que não consigas levantar-Te; espera que Tu, tendo sido arrastado na queda da tua Igreja, fiques por terra vencido. Mas Tu levantar-Te-ás. Já Te levantas-te, ressuscitaste e podes levantar-nos também a nós. Salva e santifica a tua Igreja. "

Cardeal Ratzinger, actual Papa Bento XVI, na Via-Sacra de Sexta-Feira Santa de 2005.

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Não há como negar. O mundo enfrenta uma grave crise de Fé. Crise de Fé que abala a Igreja. Abala, mas não a destruirá, porque é Divina. Os dias de tribulação começaram. As portas do Inferno foram abertas e Deus permite que muitos demónios se espalhem pelo mundo, infiltrando-se em tudo o que podem, numa correria desenfreada, porque sabem que o tempo que lhes resta é pouco.

A Igreja continua a atravessar provações, continua a sofrer as investidas do Maligno. Mas no fim, ainda que tudo pareça perdido, resplandecerá para desgraça dos Seus inimigos e glória dos Seus fiéis. E florescerá, então, uma nova Cristandade.

Rezemos para que Nosso Senhor incuta em nós o espírito dos Cruzados, tão precisos nos tempos que correm! Que defendam a integridade da Fé até ao fim e que sejam zelosos pela salvação das almas.

Conforta-nos, por fim, a promessa da Santíssima Virgem em Fátima:

"Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará!"

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mais uma oportunidade perdida de ficar caladinho...

"A Igreja, porém, é imortal por natureza, jamais o laço que a une ao seu celeste Esposo se romperá e, em consequência, a velhice não pode atingi-la. Ela permanece exuberante da juventude, sempre transbordante dessa força com a qual ela nasceu do coração transpassado de Cristo morto sobre a Cruz".
(São Pio X, Encíclica Iucunda Sane).
O pseudo-escritor José Saramago, delirando, mais uma vez, na sua senilidade, acusou o Papa Bento XVI de "cinismo" e defendeu que à "insolência reaccionária" da Igreja Católica há que responder com a "insolência da inteligência viva". Fiquei, em primeiro lugar, pasmado que este traidor utilize uma expressão com uma palavra que define uma coisa que ele nunca teve - inteligência.

Continua a vomitar o aspirante a escritor: "Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar o seu neo-medievalismo universal, um Deus que jamais viu, com o qual nunca se sentou a tomar um café, demonstra apenas o absoluto cinismo intelectual da personagem."

Confirma-se. Aquele céreberozinho, que parece ter uma ligação directa ao intestino grosso, nunca foi provido de inteligência.

"Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias pelos presumíveis representantes de Deus na terra, a quem na realidade só interessa o poder", afirmou.

Ai homem... Uma consulta de psicogeriatria fazia-te tão bem!
Continua o Jornal Público:

Inquirido sobre se a ausência de empenhamento de escritores e intelectuais pode ser uma das causas da crise da democracia, o escritor disse que sim, mas que não só, já que toda a sociedade está nessas condições e isso leva a uma crise de autoridade, da família, dos costumes, uma crise moral em geral. Saramago advertiu para o crescimento do "fascismo” na Europa e mostrou-se convencido de que nos próximos anos "atacará com força". Por isso - sublinhou -“temos de preparar-nos para enfrentar o ódio e a sede de vingança que os fascistas estão a alimentar”.

Antes de o Prémio Nobel ter sido ridiculamente ganho pelo "messias" Obama, já há muito que foi desacreditado, com a atribuição do prémio de literatura a esta personagem acabada e senil.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Eu sou a Senhora do Rosário"


Ó Virgem do Rosário, de Fátima Senhora!
De Portugal Rainha, dos homens protectora!



"Não vos conformeis com este mundo" (Rom 12, 2)

A 13 de Outubro de 1917, uma multidão estimada entre 50 a 70 mil pessoas estava na Cova da Iria. A maior parte chegara na véspera. Chovia torrencialmente nesse dia e o solo era um mar de lama. Conta-nos Lúcia, nas suas "Memórias":

"Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva, torrencial. Minha Mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovederas. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.

- Que é que Vossemecê me quer?

- Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha hon­ra. Eu sou a Senhora do Rosário. Continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.

- Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doen­tes e se convertia uns pecadores, etc.

- Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que pe­çam perdão dos seus pecados.

E tomando um aspecto mais triste:

- Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.

E abrindo as mãos, fê-las reflectir no sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projectar (-se) no sol.

Eis, Ex. mo e Rev.mo Senhor Bispo, o motivo pelo qual excla­mei que olhassem para o sol. O meu fim não era chamar para ai a atenção do povo, pois que nem sequer me dava conta da sua presença. Fi-lo apenas levada por um movimento interior que a isso me impeliu.

Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do fir­mamento, vimos, ao lado do sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia aben­çoar o Mundo da mesma forma que S. José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma seme­lhante a Nossa Senhora do Carmo."

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Enquanto se passavam essas maravilhosas cenas, a multidão espantada assistiu ao grande Milagre, prometido pela Virgem para que todos acreditassem.

No momento em que Ela se elevava da azinheira e rumava para o nascente, o Sol apareceu por entre as nuvens, como um grande disco prateado, brilhando com fulgor fora do comum, mas sem cegar a vista.

E logo começou a girar rapidamente, de modo vertiginoso, em movimentos circulares. Depois parou algum tempo, e então recomeçou a girar sobre si mesmo, como uma bola de fogo.Os seus bordos tornaram-se, a certa altura, avermelhados e o sol espalhou pelo céu chamas de fogo, num redemoinho espantoso.

A luz dessas chamas reflectia-se nos rostos dos assistentes, nas árvores, nos objectos todos, os quais tomavam cores e tons muito diversos: esverdeados, azulados, avermelhados, alaranjados, etc. Por três vezes, o Sol, girando diante dos olhos de todos, precipitou-se em ziguezague sobre a Terra, para pavor da multidão que, aterrorizada, pedia a Deus misericórdia e perdão dos seus pecados. Depois, parou e voltou, em ziguezague, para o local onde se encontrava e voltou a ter o aspecto calmo de toldos os dias.

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"Vi o 'milagre do sol', esta é a pura verdade", escreveu o Papa Pio XII, Eugenio Pacelli, referindo-se a um fenómeno similar ao que aconteceu em Fátima, a 13 de Outubro de 1917.

Algumas anotações de Sua Santidade Pio XII revelam que o Papa viu o sol rodar quatro vezes por ocasião da proclamação do dogma da Assunção. Andrea Tornielli, vaticanista de «Il Giornale» e comissário da exposição «Pio XII – o homem e o pontificado (1876-1958)», revela que foi encontrado no arquivo familiar um manuscrito inédito onde o Papa Pacelli descreve o milagre do sol, um episódio do qual, até hoje, apenas foi mencionado no testemunho do Cardeal Federico Todeschini.

Na nota, que poderá ser vista na exposição, Pacelli recorda que em 1950, pouco antes de proclamar o dogma da Assunção, no dia 1 de Novembro, enquanto passeava nos jardins vaticanos, assistiu várias vezes ao mesmo fenómeno que se verificou em Outubro de 1917, no final das aparições de Fátima, e considerou-o uma confirmação celeste de tudo que estava por realizar.

O Papa Pio XII escreveu que estava no dia 30 de Outubro de 1950, às 16h. "Durante o habitual passeio nos jardins vaticanos, lendo e estudando", à altura da praça da Senhora de Lourdes "rumo ao alto da colina, no caminho da direita que beira a muralha (...) fiquei impressionado por um fenómeno, que nunca até agora havia visto. O sol, que estava ainda bastante alto, aparecia como um globo opaco amarelado, circundado por um círculo luminoso", que, contudo, não impedia a fixação do olhar.

A nota do Papa Pacelli continua a descrever “o globo opaco” que “se movia ligeiramente para fora, girando, movendo-se da esquerda para a direita e vice-versa. Mas dentro do globo viam-se, com toda a clareza e sem interrupção, "fortíssimos movimentos".

O Papa assegurou ter assistido ao mesmo fenómeno "a 31 de Outubro e 1 de Novembro, dia da definição do dogma da Assunção, depois, novamente, a 8 de Novembro. Depois nunca mais".

O Papa Pacelli menciona ter tentado "várias vezes" nos outros dias, à mesma hora e em condições atmosféricas similares, olhar o sol para ver se aparecia o mesmo fenómeno, mas em vão, não podia fixar a vista porque "os olhos ficavam cegos".

Pio XII falou do sucedido a alguns cardeais e outras pessoas mais chegados, tanto que a Irmã Pascalina Lehnert, uma religiosa governanta do apartamento papal, declarou que "Pio XII estava muito convicto da realidade do extraordinário fenómeno, a que assistido em quatro ocasiões".

Segundo Tornielli, existe um vínculo sólido entre a vida de Eugenio Pacelli e o mistério da Virgem Maria. "Desde criança Eugenio Pacelli era devoto e estava inscrito na Congregação da Assunção, que tinha a capela perto da Igreja do Jesus. Uma devoção que parecia profética, já que foi precisamente ele quem declarou o dogma da Assunção em 1950".

Eugenio Pacelli celebrou sua primeira Eucaristia como sacerdote em 3 de Abril de 1899, no altar do ícone de Maria Salus Populi Romani, na capela Borguese, da Basílica de Santa Maria a Maior. "E depois recebeu a ordenação episcopal do Papa Bento XV na capela Sistina, em 13 de Maio de 1917, dia da primeira aparição da Virgem em Fátima".

Em 1940, na qualidade de pontífice, reconheceu definitivamente as aparições de Fátima, e em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.

O Papa Pio XII encontrou-se muitas vezes com a Irmã Lúcia e ordenou-lhe que transcrevesse as mensagens recebidas de Nossa Senhora, convertendo-se, portanto, no primeiro pontífice a conhecer a totalidade da terceira parte do Segredo de Fátima.

A 1 de Novembro de 1950, após ter consultado os bispos do mundo inteiro, que unanimemente concordaram (em 1.181 apenas seis manifestaram reservas), Pio XII proclamou, com a Bula Munificentissimus Deus, o dogma da Assunção, como cumprimento do dogma da Imaculada Conceição.

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Nossa Senhora do Rosário de Fátima,
salvai-nos e salvai Portugal!

Avé, canta Portugal!

Sobre os braços da azinheira
Tu vieste, ó Mãe clemente
Visitar a lusa gente,
De quem és Padroeira.

Avé, Avé, Avé Mãe celestial
Avé, Avé, Avé, canta Portugal!

Foi na Cova da Iria
Quando o terço Te rezavam,
Quando os sinos convidavam
A orar , era meio-dia.

Que desceste lá dos Céus
A falar aos pastorinhos,
Inocentes pobrezinhos,
Mãe dos homens, Mãe de Deus.

Penitência, oração,
Se fizesse, lhes pedias;
Do Rosário que trazias,
Mais pediste a devoção.

Seja pois o Santo Terço,
Do Céu querida oração;
Terna e viva devoção
Que Te oferte o luso berço.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor. Ele já está muito ofendido.”

Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor. Ele já está muito ofendido.”
(Nossa Senhora, em Fátima, a 13 de Outubro de 1917)
Estas palavras foram ditas por Maria Santíssima a 13 de Outubro em Fátima, há 92 anos. Temos feito caso das Suas palavras? Não me parece. As ofensas a Nosso Senhor multiplicam-se a cada dia que passa. A Santíssima Virgem e Nosso Senhor são ofendidos, desprezados, blasfemados todos os dias, também por algumas pessoas ditas católicas e até pelo clero. Nossa Senhora, em Fátima pede e que rezemos o Terço. Hoje o Terço ou o Rosário não é mais visto como instrumento de salvação. Hoje, na Igreja existe o “medo” ridículo e ignorante de exaltar demais a Mãe de Deus, em detrimento de Seu Filho. Mas, sabemos que de Maria, nunca se dirá o bastante.

Nestes tempos de confusão, Deus envia a Sua própria Mãe a falar aos Seus filhos. Falou, em tempos pelos Profetas, depois por Seu Filho, pelos Apóstolos, pela boca dos santos, mas nestes tempos difíceis, Nosso Senhor envia a Sua Mãe Santíssima para falar aos homens. Para que se emendem. Para que não se percam.

Acredito que, nas palavras escondidas do chamado Terceiro Segredo de Fátima – porque é óbvio que elas existem e que (ainda!) não foram reveladas – Nossa Senhora adverte para a adulteração da Teologia, Doutrina e Liturgia e para os perigos que essa mudança poderia trazer. É praticamente impossível que Ela Se pronunciasse sobre as almas - os pecadores e a consequência da sua não conversão: o Inferno - sobre as nações – a Rússia e o comunismo e as consequências do alastramento dos erros desta nação para os outros países - e não falasse da crise de Fé que assolaria a Igreja!

As datas, os factos e os dados são óbvios. Baste ser um pouco honesto e ver que, depois da adulteração da Liturgia (entre outras barbaridades), na tentativa de se trazer uma “primavera” para a Igreja – como se Ela precisasse – as vocações sacerdotais caíram a pique; a formação dos padres é uma miséria, - e a prova é o que se pode ver o ouvir nos meios de comunicação social, onde padres “pá frentex”, fashions e abertos para o mundo, muito percebem de assuntos sociais e mundanos e pouco ou nada de Doutrina. Ou pior, percebem e estão-se nas “tintas”; o conceito de pecado quase desapareceu, os sentimentos de culpa não existem e nada melhor que ir ao Psicólogo para esses sentimentos desaparecerem - consequência: Confessionários vazios e o Inferno cada vez mais cheio; a doutrina foi como que “revista” e, mais grave que tudo, a Santa Missa foi banalizada e vandalizada.

Os abusos litúrgicos abundam, as Missas são mais um encontro social com Deus e com os outros, – às vezes mais com os outros que com Deus – que outra coisa, a música sacra deu lugar às violas, violinos, e violões, quando não são tambores, trompetes e saxofones, ficando difícil diferenciar se se está numa Missa ou num concerto, as “divertidas e animadas” Missas para crianças e jovens, onde em vez de se incutir o respeito pelo Sagrado, o silêncio, a contemplação, é incentivada a musiquinha alegre, como se estivássemos numa festa, onde Jesus (que ali morre sacramentalmente, renovando o Sacrifício da Cruz) é “um amigo porreiro pá party”, batem-se palminhas quando o padre entra, quando o padre sai, quando o padre fala, onde toda a gente tem lugar para falar no altar ou no ambão, com mais palminhas; o nauseante, repugnante e sacrílego gesto de distribuir a Sagrada Comunhão na mão, como quem dá cartas num casino... Enfim, o resultado está à vista: As igrejas praticamente vazias... E o Inferno cada vez mais cheio...

Na intenção de agradar ao Homem em vez de agradar a Deus, houve um afastamento de Nosso Senhor e do Sagrado. Num tempo em que a realização do Sacrifício do Altar está, em muitos lados, a ser profanada, banalizada e até vandalizada, aumenta a probabilidade de serem rezadas Missas inválidas ou sacrílegas. Estando a única Barca onde se encontra a salvação, a Barca de Pedro, ou seja a Igreja Católica, amarrada a duas colunas – a devoção ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Santíssima Virgem – e uma delas está visivelmente debilitada (a coluna da devoção ao Santíssimo Sacramento), temos de nos agarrar firmemente a Nossa Senhora, rezando o Santo Rosário. E um dia, a Barca de Pedro voltará a ser amarrada com toda a força à coluna da devoção ao Santíssimo Sacramento. Ancorada a essas duas colunas,a Igreja Católica voltará a apresentar-se ao mundo, como nos tempos da Cristandade, na gloriosa Idade Medieval, como Mãe e Mestra da Verdade, Esposa de Cristo e a única e verdadeira Igreja de Deus, esmagando todos os seus inimigos.

Lembremo-nos muitas vezes destas palavras da Nossa Mãe do Céu: "Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido!"

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Festa de Nossa Senhora do Rosário - 7 de Outubro

“Non virtus, non arma, non duces,
sed Maria Rosarii victores nos fecit”.

"Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória."

Há 436 anos, em 7 de Outubro de 1571, a esquadra católica, composta de aproximadamente 200 galeras, concentrou-se no golfo de Lepanto. D. João d’ Áustria mandou hastear o estandarte oferecido pelo Papa e bradou: “Aqui venceremos ou morremos”, e deu a ordem de batalha contra os seguidores de Maomé. Os primeiros embates foram favoráveis aos muçulmanos, que, formados em meia-lua, desfecharam violenta carga. Os católicos, com o Terço ao pescoço, prontos a dar a vida por Deus e tirar a dos infiéis, respondiam aos ataques com o máximo vigor possível.

Mas, apesar da bravura dos soldados de Cristo, a numerosíssima frota do Islão, comandada por Ali-Pachá, parecia vencer. Após 10 horas de encarniçado embate, os batalhadores católicos receavam a derrota, que traria graves consequências para a Civilização Cristã europeia. Mas, ó prodígio! Ficaram surpresos ao perceberem que, inexplicavelmente e de repente, os muçulmanos, apavorados, bateram em retirada…

Obtiveram mais tarde a explicação: aprisionados pelos católicos, alguns mouros confessaram que uma brilhante e majestosa Senhora aparecera no céu, ameaçando-os e incutindo-lhes tanto medo, que entraram em pânico e começaram a fugir.

Logo no início da retirada dos barcos muçulmanos, os católicos reanimaram-se e reverteram a batalha: os infiéis perderam 224 navios (130 capturados e mais de 90 afundados ou incendiados), quase 9.000 maometanos foram capturados e 25.000 morreram. Ao passo que as perdas católicas foram bem menores: 8.000 homens e apenas 17 galeras perdidas.

Vitória alcançada pelo Rosário.

Enquanto se travava a batalha contra os turcos em águas de Lepanto, a Cristandade rogava o auxílio da Rainha do Santíssimo Rosário. Em Roma, o Papa São Pio V pediu aos fiéis que redobrassem as preces. As Confrarias do Rosário promoviam procissões e orações nas igrejas, suplicando a vitória da armada católica.

O Pontífice, grande devoto do Rosário, no momento em que se dava o desfecho da famosa batalha, teve uma visão sobrenatural, na qual ele tomou conhecimento de que a armada católica acabara de obter espectacular vitória. E imediatamente, exultando de alegria, voltou-se para seus acompanhantes exclamando: “Vamos agradecer a Jesus Cristo a vitória que acaba de conceder à nossa esquadra”.

A milagrosa visão foi confirmada somente na noite do dia 21 de Outubro (duas semanas após o grande acontecimento), quando, por fim, o correio chegou a Roma com a notícia. São Pio V tinha meios mais rápidos para se informar…

Em memória da estupenda intervenção de Maria Santíssima, o Papa dirigiu-se em procissão à Basílica de São Pedro, onde cantou o Te Deum Laudamus e introduziu a invocação Auxílio dos Cristãos na Ladainha de Nossa Senhora. E para perpetuar essa extraordinária vitória da Cristandade, foi instituída a festa de Nossa Senhora da Vitória, que, dois anos mais tarde, tomou a denominação de festa de Nossa Senhora do Rosário, comemorada pela Igreja no dia 7 de Outubro de cada ano.

Ainda com o mesmo objectivo, de deixar gravado para sempre na História que a Vitória de Lepanto se deveu à intercessão da Senhora do Rosário, o senado veneziano mandou pintar um quadro representando a batalha naval com a seguinte inscrição: “Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit”. (Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória).

Em Fátima, em todas as aparições, Nossa Senhora recomendou:

"Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra."

Qual terá sido o motivo por que Nossa Senhora nos mandou rezar o Terço todos os dias, e não mandou ir todos os dias assistir e tomar parte na Santa Missa?

Trata-se de uma pergunta que me tem sido feita muitas vezes, e à qual gostava de dar resposta agora. Certeza absoluta do porquê não a tenho, porque Nossa Senhora não o explicou e a mim também não me ocorreu de Lho perguntar. Digo, por isso, simplesmente o que me parece e me é dado compreender a este respeito. Na verdade, a interpretação do sentido da Mensagem deixo-a inteiramente livre à Santa Igreja, porque é a Ela que pertence e compete; por isso, humildemente e de boa vontade me submeto a tudo o que Ela disser e quiser corrigir, emendar ou declarar.

A respeito da pergunta acima feita, penso que Deus é Pai; e como Pai acomoda-se às necessidades e possibilidades dos Seus filhos. Ora, se Deus, por meio de Nossa Senhora, nos tivesse pedido para irmos todos os dias participar e comungar na Santa Missa, por certo haveria muitos a dizerem, com justo motivo, que não lhes era possível. Uns, por causa da distância que os separa da igreja mais próxima onde se celebra a Eucaristia; outros, porque não lho permitem as suas ocupações, os seus deveres de estado, o emprego, o seu estado de saúde, etc. Ao contrário, a oração do Terço é acessível a todos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, grandes e pequenos.

Todas as pessoas de boa vontade podem e devem, diariamente, rezar o Terço. E para quê? Para nos pormos em contacto com Deus, agradecer os Seus benefícios e pedir-Lhe as graças de que temos necessidade. É a oração que nos leva ao encontro familiar com Deus, como o filho que vai ter com o seu pai para lhe agradecer os benefícios recebidos, tratar com ele os seus assuntos particulares, receber a sua orientação, a sua ajuda, o seu apoio e a sua bênção.

Dado que todos temos necessidade de orar, Deus pede-nos, digamos como medida diária, uma oração que está ao nosso alcance: a oração do Terço, que tanto se pode fazer em comum como em particular, tanto na igreja diante do Santíssimo como no lar em família ou a sós, tanto pelo caminho quando de viagem como num tranquilo passeio pelos campos. A mãe de família pode rezar enquanto embala o berço do filho pequenino ou trata do arranjo de casa. O nosso dia tem vinte e quatro horas...não será muito se reservarmos um quarto de hora para a vida espiritual, para o nosso trato íntimo e familiar com Deus!

Por outro lado, eu creio que, depois da oração litúrgica do Santo Sacrifício da Missa, a oração do santo Rosário ou Terço, pela origem e sublimidade das orações que o compõem e pelos mistérios da Redenção que recordamos e meditamos em cada dezena, é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas. Se assim não fosse, Nossa Senhora não o teria recomendado com tanta insistência.

Ao dizer Rosário ou Terço, não quero significar que Deus necessite que contemos as vezes que Lhe dirigimos as nossas súplicas, os nossos louvores ou agradecimentos. Certamente Deus não precisa que os contemos: n''Ele tudo está presente! Mas nós precisamos de os contar, para termos a consciência viva e certa dos nossos actos e sabermos com clareza se temos ou não cumprido o que nos propusemos oferecer a Deus cada dia, para preservarmos e aumentar o nosso trato de directa convivência com Deus, e, por esse meio, conservarmos e aumentarmos em nós a fé, a esperança e a caridade.

Direi ainda que, mesmo aquelas pessoas que têm possibilidade de tomar parte diariamente na Santa Missa, não devem, por isso, descuidar-se de rezar diariamente o seu Terço. Bem entendido que o tempo apropriado para a oração do Terço não é aquele em que toma parte na Santa Missa. Para estas pessoas, a oração do Terço pode considerar-se uma preparação para melhor participarem da Eucaristia, ou então como uma acção de graças pelo dia afora.

Não sei bem, mas do pouco conhecimento que tenho do trato directo com as pessoas em geral, vejo que é muito limitado o número das almas verdadeiramente contemplativas que mantêm e conservam um trato de íntima familiaridade com Deus que as prepare dignamente para a recepção de Cristo, na Eucaristia. Assim, também para estas, se torna necessária a oração vocal, o mais possível meditada, ponderada e reflectida, como o deve ser o Terço.


Há muitas e belas orações que bem podem servir de preparação para receber Cristo na Eucaristia e para manter o nosso trato familiar de íntima união com Deus. Mas não me parece que encontremos alguma mais que se possa indicar e que melhor sirva para todos em geral, como a oração do Terço ou Rosário. Por exemplo, a oração da Liturgia das Horas é maravilhosa, mas não creio que possa ser acessível a todos, nem que alguns dos salmos recitados possam ser bem compreendidos por todos em geral. É que requer uma certa instrução e preparação que a muitos não se pode pedir.

Talvez por todos estes motivos e outros que nós não conhecemos, Deus, que é Pai e compreende melhor do que nós as necessidades dos Seus filhos, quis pedir a reza diária do Terço condescendendo até ao nível simples e comum de todos nós para nos facilitar o caminho do acesso a Ele.

Enfim, tendo presente o que nos tem dito, sobre a oração do Rosário ou Terço, o Magistério da Igreja ao longo dos anos - alguma coisa vos recordarei mais adiante -, e o que Deus, por meio da Sua Mensagem, tanto nos recomenda, podemos pensar que aquela é a fórmula de oração vocal que a todos, em geral, mais nos convém, e da qual devemos ter sumo apreço e na qual devemos pôr o melhor empenho para nunca a deixar. Porque melhor do que ninguém, sabem Deus e Nossa Senhora aquilo que mais nos convém e de que temos mais necessidade. E será um meio poderoso para nos ajudar a conservar a fé, a esperança e a caridade.

Mesmo para as pessoas que não sabem ou não são capazes de recolher o espírito a meditar, o simples ato de tomar as contas na mão para rezar é já um lembrar-se de Deus, e o mencionar em cada dezena um mistério da vida de Cristo é já recordá-los, e esta recordação deixará acesa nas almas a terna luz da fé que sustenta a mecha que ainda fumega, não permitindo assim que se extinga de todo.

Pelo contrário, os que abandonam a oração do Terço e não tomam diariamente parte no Santo Sacrifício da Missa, nada têm que os sustente, acabando por se perderem no materialismo da vida terrena.

Assim, o Rosário ou Terço é a oração que Deus, por meio da Sua Igreja e de Nossa Senhora, nos tem recomendado com maior insistência para todos em geral, como caminho e porta de salvação: «Rezem o Terço todos os dias» (Nossa Senhora, 13 de Maio de 1917).

Fontes:http://servosdarainha.wordpress.com/category/a-batalha-de-lepanto/

http://probe3.arautos.org/article/8098/Apelo-a-Reza-Diaria-do-Terco.htm