Entre essas crianças, estava eu, na altura com 9 anos de idade.
Todos os preparos pareciam poucos, para a grande festa que ia acontecer!
Das catequeses diárias, aos ensaios, à primeira Confissão, tudo parecia tão novo, tão intenso, tão importante, que o medo de chegar ao dia e faltar algo era enorme...
Aprendi, nesse tempo, COMO FAZER UMA CONFISSÃO BEM FEITA:
- Exame de Consciência;
- Confissão de boca;
- Dor de coração;
- Firme propósito de emenda;
- Cumprir a penitência.
Também aprendi COMO FAZER UMA COMUNHÃO BEM FEITA:
- Estar na Graça de Deus;
- Saber Quem se vai receber;
- Jejum Eucarístico.
Inúmeras vezes nos foram perguntadas estas coisas. Nenhum de nós seria admitido à Comunhão sem saber isto.
Nos dias antes o "Grande Dia", éramos convidados a frequentar o "Mês do Sagrado Coração", uma tradição que penso se ter perdido na minha terra, que consistia, à semelhança do "Mês de Maria" em Maio, em rezar o Terço todos os dias de Junho, em desagravo do Sagrado Coração de Jesus, seguido de Comunhão e bênção do Santíssimo Sacramento.
Lembro-me da ânsia e da vontade que todos sentámos de comungar e (ainda) não podermos...
Mas aquela hora de Oração era também uma Catequese que nos incutia o respeito e a devoção a Jesus presente na Hóstia Consagrada, que brevemente iríamos receber na nossa boca e no nosso coração!
A minha primeira Confissão foi no dia 13 de Junho, ao fim do dia, pelas 20h. Lembro-me de estar, com os colegas, no adro da igreja, a escrevermos, cada um para si, uma lista de pecados (interminável, para garotos de 9 anos!) e o pavor de esquecer algum!
Depois de me confessar, fomos desfolhar pétalas de flores para depois "desenhar" no chão e dar forma à passadeira para a Procissão do Corpo de Deus.
Nessa noite e no dia seguinte, o medo de pecar era apavorante... Qualquer palavra, qualquer gesto eram cuidadosamente analisados. As chamadas de atenção entre nós, uns aos outros, para os pecados que poderiam ser cometidos durante as brincadeiras, no recreio da escola, era uma constante.
No dia da minha primeira Comunhão, acordei muito cedo. Primeiro que os meus pais!
Vesti o fatinho comprado e arranjado propositadamente para a cerimónia e fui a correr acordá-los. Depois de estar pronto, juntei-me aos meus colegas no adro da igreja. A cada um que chegava, a pergunta que saía dos lábios dos outros, quase em tom desesperante, era: "Não pecaste, pois não?!" E assim, fizemos todos ali um breve exame de consciência.
Começou a Missa e chegou o tão esperado momento em que o Sr. Padre diz: "Felizes os convidados para a Ceia do Senhor!" Peço desculpa pelo orgulho e talvez egocentrismo, mas lembro-me de sentir que ali, era eu o "feliz convidado"! Naquele momento, era eu o convidado por Jesus para O receber!
O coração bate forte. As mãos postas. Os lábios abrem-se à voz do Padre que me apresenta a pequena partícula (penso que foi um fragmento da hóstia maior, pois lembro-me que não era redonda) e anuncia: "O Corpo de Cristo!". Respondo "Ámen!" e finalmente Jesus repousa na minha língua.
Após voltar para o lugar, ajoelhar e rezar o Acto de Contrição, terminou a Missa e seguiu-se, à tarde, a Procissão do Corpo de Deus, na qual não fui como "primeiro-comungante" mas como acólito, que já o era há dois anos, bem ao lado do Pálio, onde seguia Jesus, na Sagrada Custódia levada pelo Sr. Padre.
Lembro-me também que nessa noite, durante o jantar de família e amigos da família, o meu pai, sendo bombeiro, foi chamado para combater um grande incêndio na região e eu, sendo já muito tarde, perguntei à minha mãe se podia dormir com ela. Ela deu-me o habitual beijinho de boa noite e disse-me:
"Esta noite, tens uma companhia muito mais importante. Tens Jesus contigo. Guarda-O como a tua melhor companhia".
E, como filho obediente, assim tenho tentado fazer.
Amigo, envio-lhe um belo poema sobre este dia:
ResponderEliminarhttp://otradicionalista.blogspot.com/2010/11/no-aniversario-de-minha-primeira.html
Linda postagem.
ResponderEliminarEu fiz a minha primeira Comunhão em 1996.
PS: Você tem msn?
Abraço Rafael