sábado, 4 de abril de 2009

Narração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o Evangelho de São Marcos

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 14,1- 15,47)

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N Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos e os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição para Lhe darem a morte. Mas diziam:
R «Durante a festa, não, para que não haja algum tumulto entre o povo».

N Jesus encontrava-Se em Betânia, em casa de Simão o Leproso, e, estando à mesa, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro com perfume de nardo puro de alto preço. Partiu o vaso de alabastro e derramou-o sobre a cabeça de Jesus. Alguns indignaram-se e diziam entre si:
R «Para que foi esse desperdício de perfume?Podia vender-se por mais de duzentos denários e dar o dinheiro aos pobres».
N E censuravam a mulher com aspereza. Mas Jesus disse:
J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la? Ela fez uma boa acção para comigo. Na verdade, sempre tereis os pobres convosco e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem; Mas a Mim, nem sempre Me tereis. Ela fez o que estava ao seu alcance: ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo: Onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo inteiro, dir-se-á também em sua memória, o que ela fez».
N Então, Judas Iscariotes, um dos Doze, foi ter com os príncipes dos sacerdotes para lhes entregar Jesus. Quando o ouviram, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
N No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal,os discípulos perguntaram a Jesus:
R «Onde queres que façamos os preparativospara comer a Páscoa?»
N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
J «Ide à cidade.Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde está a sala,em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’ Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso».


N Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze. Enquanto estavam à mesa e comiam, Jesus disse:
J «Em verdade vos digo: Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:
R «Serei eu?»
N Jesus respondeu-lhes:
J «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato. O Filho do homem vai partir, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído! Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse:
J «Tomai: isto é o meu Corpo».
N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele.Disse Jesus:
J «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
N Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras.

N Disse-lhes Jesus:
J «Todos vós Me abandonareis, como está escrito: ‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’. Mas depois de ressuscitar, irei à vossa frente para a Galileia».
N Disse-Lhe Pedro:
R «Embora todos te abandonem, eu não».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo: Hoje, esta mesma noite, antes do galo cantar duas vezes, três vezes Me negarás».
N Mas Pedro continuava a insistir:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E todos afirmaram o mesmo. Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémani e Jesus disse aos seus discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».


N Tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir pavor e angústia. Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai».
N Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou para que, se fosse possível, se afastasse d’Ele aquela hora. Jesus dizia:
J «Abba, Pai, tudo Te é possível: afasta de Mim este cálice. Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».

N Depois, foi ter com os discípulos, encontrando-os dormindo e disse a Pedro:
J «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora? Vigiai e orai, para não entrardes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N Afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.Voltou novamente e encontrou-os dormindo, porque tinham os olhos pesados e não sabiam que responder. Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai...Chegou a hora: o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos. Vamos. Já se aproxima aquele que Me vai entregar».

N Ainda Jesus estava a falar,quando apareceu Judas, um dos Doze,e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes, pelos escribas e os anciãos. O traidor tinha-lhes dado este sinal:«Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O e levai-O bem seguro». Logo que chegou, aproximou-se de Jesus e beijou-O, dizendo:
R «Mestre».


N Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O. Um dos presentes puxou da espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,como se fosse um salteador. Todos os dias Eu estava no meio de vós, a ensinar no templo,e não Me prendestes! Mas é para se cumprirem as Escrituras».
N Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos. Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol. Agarraram-no, mas ele, largando o lençol, fugiu nu.

N Levaram então Jesus à presença do sumo sacerdote,onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,os anciãos e os escribas. Pedro, que O seguira de longe, até ao interior do palácio do sumo sacerdote, estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus para Lhe dar a morte, mas não o encontravam. Muitos testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram concordes. Levantaram-se então alguns, para proferir contra Ele este falso testemunho:
R «Ouvimo-l’O dizer: ‘Destruirei este templo feito pelos homens e em três dias construirei outro que não será feito pelos homens’».
N Mas nem assim o depoimento deles era concorde. Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos e perguntou a Jesus:
R «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?»


N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu. O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O:
R «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?»
N Jesus respondeu:
J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso vir sobre as nuvens do céu».
N O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:
R «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?»
N Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte. Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe, a tapar-Lhe o rosto com um véu e a dar-Lhe punhadas, dizendo:
R «Adivinha».
N E os guardas davam-Lhe bofetadas.


N Pedro estava em baixo, no pátio, quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote. Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:
R «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».
N Mas ele negou:
R «Não sei nem entendo o que dizes».
N Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou. A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes:
R «Este é um deles».
N Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:
R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço esse homem de quem falais».
N E logo o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito: «Antes do galo cantar duas vezes,três vezes Me negarás». E desatou a chorar.


N Logo de manhã,os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho,com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio. Depois de terem manietado Jesus, foram entregá-l’O a Pilatos. Pilatos perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?»
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacerdotes faziam muitas acusações contra Ele. Pilatos interrogou-O de novo:
R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu,de modo que Pilatos estava admirado.
N Pela festa da Páscoa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha. Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos, que numa revolta tinham cometido um assassínio. A multidão, subindo, começou a pedir o que era costume conceder-lhes. Pilatos respondeu:
R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?»


N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes O tinham entregado por inveja. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes Barrabás. Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:
R «Então, que hei-de fazer d’Aquele que chamais o Rei dos judeus?»
N Eles gritaram de novo:
R «Crucifica-O!».
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?»
N Mas eles gritaram ainda mais:
R «Crucifica-O!».

N Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado.


Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio, que era o pretório, e convocaram toda a corte. Revestiram-n’O com um mando de púrpura e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido. Depois começaram a saudá-l’O:
R «Salvé, Rei dos judeus!»
N Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele. Depois de O terem escarnecido,tiraram-Lhe o manto de púrpura e vestiram-Lhe as suas roupas. Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.


N Requisitaram, para Lhe levar a cruz, um homem que passava, vindo do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo. E levaram Jesus ao lugar do Gólgota, quer dizer, lugar do Calvário. Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não o quis beber.


Depois crucificaram-n’O. E repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um. Eram nove horas da manhã quando O crucificaram. O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito:«Rei dos Judeus».


Crucificaram com Ele dois salteadores,um à direita e outro à esquerda. Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-se a Si mesmo! Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos».
N Até os que estavam crucificados com ele o injuriavam. Quando chegou o meio-dia, as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde. E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eloí, Eloí, lamá sabachtháni?»
N que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?»

N Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:
R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.


N O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo. O centurião que estava em frente de Jesus, ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:
R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».


N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé, que acompanhavam e serviam Jesus, quando estava na Galileia, e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém. Ao cair da tarde– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado –José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, foi corajosamente à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião, ordenou que o corpo fosse entregue e José. José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol;


Depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.

Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus tinha sido depositado.

(Mc 14,1- 15,47)

Semana Santa

"Convém que meditemos naquilo que nos revela a morte de Cristo, sem ficarmos nas formas exteriores ou em fases estereotipadas. É necessário que nos metamos de verdade nas cenas que vivemos durante estes dias da Semana Santa: a dor de Jesus, as lágrimas de sua Mãe, a debandada dos discípulos, a fortaleza das santas mulheres, a audácia de José e Nicodemos, que pedem a Pilatos o corpo do Senhor. Aproximemo-nos, em suma, de Jesus morto, dessa Cruz que se recorta sobre o cume do Gólgota.

Mas aproximemo-nos com sinceridade, sabendo encontrar o recolhimento interior que é sinal de maturidade cristã. Os acontecimentos, divinos e humanos, da Paixão penetrarão desta forma na alma como palavra que Deus nos dirige para desvelar os segredos do nosso coração e revelar-nos aquilo que espera das nossas vidas.

Há já muitos anos, vi um quadro que se gravou profundamente no meu intimo. Representava a Cruz de Cristo e, junto ao madeiro, três anjos: um chorava desconsoladamente; outro tinha um cravo na mão, como para se convencer de que aquilo era verdade; o terceiro estava recolhido em oração. Eis um programa sempre actual para cada um de nós: chorar, crer e orar.

Perante a Cruz, dor dos nossos pecados, dos pecados da Humanidade, que levaram Jesus à morte; fé, para penetrarmos nessa verdade sublime que ultrapassa todo o entendimento e para nos maravilharmos com o amor de Deus; oração, para que a vida e a morte de Cristo sejam o modelo e o estímulo da nossa vida e da nossa entrega. Só assim nos chamaremos vencedores! Porque Cristo ressuscitado vencerá em nós, e a morte transformar-se-á em vida."

(São Josemaria Escrivá, Livro Cristo que Passa - A Morte de Cristo, Vida do Cristão, ponto 101)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A Cruz de Cristo e o sofrimento humano

Fala-nos São Josemaria Escrivá:

"Não esqueçamos também que, mesmo que consigamos atingir um estado razoável de distribuição dos bens e uma harmoniosa organização da sociedade, não há-de desaparecer a dor da doença, da incompreensão ou da solidão, a dor da experiência dos nossas próprias limitações. Em face dessas penas, o cristão só tem uma resposta autêntica, uma resposta definitiva: Cristo na Cruz, Deus que sofre e que morre, Deus que nos entrega o seu Coração, aberto por uma lança, por amor a todos.

Nosso Senhor abomina as injustiças e condena quem as comete. Mas, como respeita a liberdade das pessoas, permite que existam. Deus Nosso Senhor não causa a dor das criaturas, mas tolera-a como parte que é - depois do pecado original - da condição humana. E, no entanto, o seu Coração, cheio de amor pelos homens, levou-O a tomar sobre os seus ombros, juntamente com a Cruz, todas essas torturas: o nosso sofrimento, a nossa tristeza, a nossa angústia, a nossa fome e sede de justiça.

A doutrina cristã sobre a dor não é um programa de fáceis consolações. Começa logo por ser uma doutrina de aceitação do sofrimento, inseparável de toda a vida humana. Não vos posso esconder - e com alegria pois sempre preguei e procurei viver a verdade de que, onde está a Cruz está Cristo, o Amor - que a dor apareceu muitas vezes na minha vida; e mais de uma vez tive vontade de chorar. Noutras ocasiões, senti crescer em mim o desgosto pela injustiça e pelo mal. E soube o que era a mágoa de ver que nada podia fazer, que, apesar dos meus desejos e dos meus esforços, não conseguia melhorar aquelas situações iníquas.

Quando vos falo de dor, não vos falo apenas de teorias. Nem me limito a recolher uma experiência de outros, quando vos confirmo que, se sentis, diante da realidade do sofrimento, que a vossa alma vacila algumas vezes, o remédio que tendes é olhar para Cristo. A cena do Calvário proclama a todos que as aflições hão-de ser santificadas, se vivermos unidos à Cruz. Porque as nossas tribulações, cristãmente vividas, se convertem em reparação, em desagravo, em participação no destino e na vida de Jesus, que voluntariamente experimentou, por amor aos homens, toda a espécie de dores, todo o género de tormentos. Nasceu, viveu e morreu pobre; foi atacado, insultado, difamado, caluniado e condenado injustamente; conheceu a traição e o abandono dos discípulos; experimentou a solidão e as amarguras do suplício e da morte.

Ainda agora, Cristo continua a sofrer nos seus membros, na Humanidade inteira que povoa a Terra e da qual Ele é Cabeça e Primogénito e Redentor.A dor entra nos planos de Deus. Ainda que nos entendê-la, é esta a realidade. Também Jesus, como homem, teve dificuldade em admiti-la: Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice! Não se faça, porém, a minha vontade, mas a tua! Nesta tensão entre o sofrimento e a aceitação da vontade do Pai, Jesus vai serenamente para a morte, perdoando aos que O crucificaram.

Ora, esta aceitação sobrenatural da dor pressupõe, por outro lado, a maior conquista. Jesus, morrendo na Cruz, venceu a morte. Deus tira da morte a vida. A atitude de um filho de Deus não é a de quem se resigna à sua trágica desventura; é, sim, a satisfação de quem já antegoza a vitória. Em nome desse amor vitorioso de Cristo, nós, os cristãos, devemos lançar-nos por todos os caminhos da Terra, para sermos semeadores de paz e de alegria, com a nossa palavra e nossas obras. Temos de lutar - é uma luta de paz - contra o mal, contra a injustiça, contra o pecado, para proclamarmos assim que a actual condição humana não é a definitiva; o amor de Deus, manifestado no Coração de Cristo, conseguirá o glorioso triunfo espiritual dos homens."

Livro Cristo que Passa - O Coração de Cristo, Paz dos Cristãos, ponto 168

AVE, CRUX SANCTA!

Ave, crux sancta, virtus nostra.
Ave, cruz adoranda, laus et gloria nostra.
Ave, crux, auxilium et refugium nostrum.
Ave, crux, consolatio omnium moerentium;

Salve, crux, victoria et spes nostra;
Salve, crux, defensio et vita nostra.
Salve, crux, redemptio et liberatio nostra.
Salve, crux, signum salutis, atque inexpugnabilis murus contra omnem virtutem inimici.

Sit mihi crux semper spes Christianitatis meae.
Sit mihi crux resurrectio mortis meae.
Sit mihi crux triumphus adversus daemones.
Sit mihi crux mater consolationis meae.
Sit mihi crux requies tribulationis meae.
Sit mihi crux baculus senectutis meae.
Sit mihi crux medicina aegrotationis meae.
Sit mihi crux protectio nuditatis meae.
Sit mihi crux consolatio vitae meae.
Sit mihi crux in omnibus angustiis meis solatium.
Sit mihi crux remedium in tribulationibus meis.
Sit mihi crux in infirmitatibus meis medicamentum, atque contra omnia adversa tutamentum.
Amen

Palhaçadas da vida real

Notícia G1:

"Um político italiano fez um protesto bem-humorado (correcção: um protesto completamente ordinário, infantil, reles e perverso) em resposta a recente declaração do Papa Bento XVI sobre a eficácia (?) dos preservativos.

O local da manifestação foi simbólico: a Praça da República, diante da Igreja Santa Maria degli Angelis, em Roma. Ele distribuiu camisinhas para quem passava pela rua e até mesmo para quem passava de carro. (Que coisa mais bonita... Uma palhaçada autêntica. Mas não há vergonha na cara para esta gente ordinária?)

Foi a forma que o político encontrou para provocar Bento XVI e a Igreja Católica (valha-nos que, como diz o povo, 'as vozes de burro não chegam ao Céu'!), que são contra o uso de preservativos. Na viagem à África no mês passado, o Papa afirmou que a camisinha não previne a AIDS e pode até mesmo agravar o problema. Segundo o autor do manifesto, porém, a camisinha é um sinal de respeito pelo parceiro (expliquem-me como é que o santo látex, canonizado por esta gente fiel à promiscuidade é um sinal de "respeito pelo parceiro"... ridículo) e uma forma de sexo seguro."

Enfim, este tipo de atitudes, paranóicas, ignorantes e infantis, com palhaços a armarem-se em gente crescida, bem como as imagens nauseantes e blasfemas como a apresentada aqui, nem deviam merecer comentários.

Que fique ao menos denunciada a estupidez destes energúmenos e os ataques à Igreja Católica e ao Santo Padre. Felizmente, ela mantém-se fiel ao depósito de Fé que lhe foi confiado, por muito que uivem os lobos...

E cada vez mais eles se ouvem...
Estejamos preparados para combater o bom combate.

Pela Igreja, por Deus!

Mater Ecclesiae, ora pro nobis!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Há quanto tempo não te abeiras do confessionário?

Como fazer uma boa Confissão?

Retirado do website da Paróquia de Nossa Senhora Porta do Céu, Telheiras - Lisboa

Confessar-se é uma das coisas que mais felicidade comunica à alma. Recebemos um cúmulo de graças destinadas àquelas faltas de que nos acusámos e aos defeitos que lhes estão na origem. A alma fica cheia de paz e o amor de Deus que sempre perdoa é-lhe mais manifesto.

No entanto, nem sempre é fácil fazer uma boa Confissão. Por vezes parece-nos que não encontramos nada para acusar. Noutras ocasiões a vergonha complica-nos terrivelmente. Há momentos em que não estamos certos do arrependimento porque nos parece que tínhamos razão.

Para fazer uma boa Confissão requer-se que nos detenhamos antes a examinar a própria consciência. Pedimos luz ao Espírito Santo e reservamos algum tempo, diante do Santíssimo, se possível. Se temos um registo diário do nosso exame recorremos a ele. Ao ler esses apontamentos pensamos na causa dos pecados para assim ir à raíz do mal. Se não temos recorremos a um formulário com perguntas de exame para nos ajudar.

A seguir procuramos formular um propósito de não voltar a cometer os pecados que vimos no exame. É aqui que pode surgir a dúvida sobre o arrependimento: temos que distinguir, nos casos duvidosos, aquilo que foi culpa nossa daquela parte que cabe a algum defeito dos outros, e propor-nos a emenda daquilo que nos diz respeito.

Vem então a dor ou contrição. Devemos pensar que não se trata de um erro mas de uma ofensa feita a Deus, que é infinitamente bom e que nos ama. É aqui que a alma se deve deter. Quanto mais fundo for o seu arrependimento mais sincera a sua Confissão, mais graça recebe, mais alegria, e mais libertação do pecado.

Depois chega o momento da Confissão. É bom pensar que, qualquer que seja o sacerdote, quem está a ouvir-nos é Cristo, que actua através do ministro. Nesta altura pode ser bom pedir ajuda, caso nos custe revelar algum pecado ou caso não tenhamos ainda noção clara do motivo de um pecado.

Finalmente cumprimos a penitência. Se nos foi dado um conselho procuramos gravá-lo na alma e até pode ser bom registá-lo para nos lembrarmos mais tarde. Agradecemos a Deus a sua bondade para connosco e renovamos o propósito que já tínhamos formulado.

(http://coisaspracticas.blogspot.com/2007/02/como-fazer-uma-boa-confisso.html)


PROPOSTA DE EXAME DE CONSCIÊNCIA

(Sugerido no website do Padre Duarte Sousa Lara, em http://www.santidade.net/folhetos/Exame_adultos.pdf)

Oração Inicial:

Ó divino Espirito Santo, vinde sobre mim e iluminai-me com a Vossa luz para poder reconhecer os meus pecados que são a causa da morte na cruz de Jesus Cristo a quem tanto amo. Ajudai-me também a arrepender- me sinceramente e dai-me força para não os cometer nunca mais.
Amen.

Exame Inicial:

Há quanto tempo não me confesso?
Escondi conscientemente, por vergonha, algum pecado grave em alguma confissão precedente?
Comunguei em pecado mortal? (este é um pecado gravíssimo!)
Respeitei o jejum eucarístico?
Estou verdadeiramente arrependido dos meus pecados e luto para não pecar mais?

Exame de Consciência:

1º Mandamento : Adorar a Deus e amá-Lo sobre todas as coisas.

  • Tenho posto em dúvida ou negado, deliberadamente, alguma verdade de fé?
  • Li algum livro contra a religião?
  • Abandonei os meios necessários para a salvação (oração, sacramentos)?
  • Tenho procurado adquirir formação religiosa, de acordo com a minha condição?
  • Faltei ao respeito das coisas santas (por ex. omitindo a genuflexão diante do Sacrário), da Igreja ou dos seus Ministros?
  • Rezo e frequento os sacramentos de má vontade?
  • Recebi indignamente algum sacramento?
  • Sou supersticioso? Pratiquei a magia, o espiritismo ou fui à bruxa? Pratiquei a advinhação através da astrologia, do jogo do copo, do pêndulo, das cartas do tarôt, da leitura da palma da mão ou coisas semelhantes?
  • Acreditei em horóscopos?
  • Usei amuletos como a ferradura, o corno, os cristais ou coisas semelhantes?
  • Acreditei nas "energias", no NewAge, na reencarnação, no Reiki, ou em coisas semelhantes?
  • Usei coisas, li textos, ou ouvi músicas que invocam explicitamente o demónio?
  • Revolto-me contra Deus nas minhas tribulações
  • Nego ou ponho em duvida de alguma verdade revelada por Deus?

2º Mandamento : Não invocar o Santo nome de Deus em vão.

  • Blasfemei ou disse palavras injuriosas contra Deus, contra os Santos ou contra as coisas santas?
  • Jurei sabendo que era falso o que prometia?
  • Jurei fazer alguma coisa que não é justa ou lícita?
  • Reparei os prejuízos que daí tenham decorrido?
  • Deixei de cumprir algum voto ou promessa grave?


3º Mandamento : Santificar os Domingos e festas de Guarda.

  • Faltei à Missa ao Domingo ou festa de Guarda?
  • Trabalhei ou mandei trabalhar nesses dias sem necessidade urgente?
  • Creio em tudo o que a Santa Igreja Católica ensina?
  • Discuti os seus mandamentos que são mandamentos de Cristo?
  • Guardei abstinência nas sextas-feiras de acordo com a Conferência Episcopal (por exemplo, não comendo carne, doces ou não vendo televisão, dedicando assim mais tempo à oração)?
  • Jejuei Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa?
  • Confessei-me pelo menos uma vez ao ano?
  • Comunguei durante o tempo estabelecido para cumprir o preceito Pascal?

4º Mandamento : Honrar pai e mãe e os outros legítimos superiores

  • Obedeci aos meus pais e legítimos superiores? Manifestei-
    lhes o devido amor e respeito? Entristeci-os?
  • Zanguei-me com os meus irmãos? Maltratei-os?
  • Dei maus exemplos aos meus filhos ou subordinados, não cumprindo os meus deveres religiosos, familiares ou profissionais?
  • Corrigi com firmeza os seus defeitos ou descuidei-me nisso por comodidade? Ameacei-os, maltratei-os ou prejudiquei-os com palavras ou obras, ou desejei-lhes algum mal, grave ou leve?
  • Sacrifiquei os meus gostos, caprichos, passatempos, etc., para cumprir o dever de me dedicar à minha família?
  • Evitei os conflitos com os filhos não dando importância demasiada a miudezas que se podem vencer com o tempo e o bom humor?
  • Fui amável com os estranhos e, ao contrário, pouco amável na vida de família?
  • Discuti com o meu marido (a minha mulher)?
  • Evitei repreendê-lo(a) ou discutir diante dos filhos? Tenho-
    lhe faltado ao respeito? Tenho, com isto dado mau exemplo?
  • Deixei muito tempo sozinho(a) o meu marido (a minha
    mulher)?
  • Tenho procurado aumentar a fé na Providência, esforçando-me ao mesmo tempo por ganhar o dinheiro suficiente para poder ter ou educar mais filhos?
  • Deixei de ajudar, dentro das minhas possibilidades, os
    meus familiares nas suas necessidades espirituais ou materiais?

5º Mandamento : Não matar nem causar outro dano no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo

  • Causei prejuízos ao próximo com palavras ou com obras? Desejei-lhe mal?
  • Manifestei ódio ou rancor a alguém? Perdoei de todo o coração as ofensas que recebi?
  • Deixei de falar ou nego a saudação a alguém?
  • Escandalizei o próximo, incitando-o a pecar, com as minhas conversas, o meu modo de vestir, convidando-o para assistir a algum espectáculo mau ou emprestando-lhe algum livro ou revista maus?
  • Procurei reparar o mal causado pelo escândalo?
  • Cheguei a ferir ou a tirar a vida ao próximo? Colaborei, de algum modo, em actos que ocasionassem a morte de um inocente?
  • Pratiquei, aconselhei ou facilitei o crime grave do aborto?
  • Fui gravemente imprudente na condução de veículos motorizados?
  • Deixei-me vencer pela ira?
  • Cometi algum atentado contra a minha vida? Embriaguei-me ou, levado pela gula, comi mais do que devia?
  • Tomei drogas?
  • Preocupei-me eficazmente pelo bem do próximo, advertindo-o de algum grave perigo material ou espiritual, em que se encontrava ou corrigindo-o como exige a caridade
    cristã?

6º e 9º Mandamentos : Guardar castidade nas palavras e nas obras. Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos.

  • Consenti em pensamentos e desejos impuros?
  • Fixei o olhar, falei ou li coisas desonestas?
  • Pratiquei acções impuras? Sozinho (masturbação) ou acompanhado (adultério, fornicação, "curtir", procurando o prazer sexual fora de uma relação conjugal)?
  • Cometi pecado sensual contra a natureza (ex. homossexualismo)?
  • Havia alguma circunstância - de parentesco, matrimónio, consagração a Deus, ou menoridade - que tornassem mais grave aquela acção?
  • Assisti a espectáculos ou conversas que me colocaram numa situação próxima do pecado?
  • Tenho em conta que expor-me a essa ocasião já é um pecado?
  • Vi pornografia através da internet, revistas, filmes, etc.?
  • Antes de assistir a um espectáculo ou de ler um livro ou uma revista, procuro informar-me sobre a sua classificação moral para evitar a ocasião de pecado ou o perigo de deformação da consciência que pode ocasionar-me?
  • Usei do matrimónio indevidamente (sexo oral, sexo anal, etc.)?
  • Neguei ao meu cônjuge os seus direitos? Uso do matrimónio somente naqueles dias em que julgo não poder haver descendência?E actuo deste modo sem razões
    graves?
  • Tomei remédios ou usei de outros meios artificiais para evitar os filhos? Aconselhei outros a tomá-los?
  • Faltei à fidelidade conjugal por pensamentos e acções?
  • Mantenho amizades que são ocasião habitual deste pecado
    de infidelidade? Estou disposto(a) a abandoná-las?
  • Visto-me com decência ou sou provocante pondo em evidência aquelas partes do meu corpo que mais chamam a atenção do sexo oposto?


7º e 10º Mandamentos : Não furtar nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo. Não cobiçar as coisas alheias.

  • Roubei algum objecto ou alguma quantia em dinheiro?
  • Reparei os prejuízos causados ou restituí as coisas roubadas na medida das minhas possibilidades?
  • Defraudei a minha mulher (o meu marido nos seus bens)?
  • Paguei aos outros os salários devidos pelo seu trabalho?
  • Cumpri rigorosamente os meus deveres sociais: o pagamento de seguros, impostos, etc.?
  • Desrespeitei os direitos de autor, copiando livros, software, filmes ou músicas?
  • Dei o meu apoio a programas de acção social e política imorais e anticristãos?
  • Prejudiquei, de algum modo, o próximo nos seus bens?
  • Enganei o próximo cobrando, mais do que o justo ou combinado? Reparei o prejuízo causado?
  • Trabalhei como devia, com honradez e sentido de responsabilidade?
  • Deixei, por preguiça, que se produzissem graves prejuízos no meu trabalho?
  • Realizei o meu trabalho lembrado de que a Deus não se oferecem coisas mal
    feitas?
  • Facilito o trabalho dos outros ou estorvo-o de alguma maneira, como, por exemplo, com discussões, interrupções, derrotismos, etc.?
  • Abusei da confiança dos meus superiores?
  • Tolerei abusos ou injustiças que tinha obrigação de impedir?
  • Fiz acepção de pessoas ou manifestei favoritismos?
  • Gastei mais do que permitem as minhas possibilidades, sobrecarregando, injustamente, o orçamento familiar?
  • Deixei de prestar à Igreja a ajuda conveniente? Dei esmolas de acordo coma minha condição económica?
  • Aceitei, com sentido cristão, a carência de coisas necessárias?

8º Mandamento : Não levantar falsos testemunhos nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo.

  • Minto habitualmente com a desculpa de que se tratar de coisas de pouca importância?
  • Revelei, sem motivo justo, defeitos graves alheios que, embora reais, são desconhecidos?
  • Reparei de algum modo os prejuízos causados, por exemplo, falando dos aspectos positivos dessa pessoa?
  • Caluniei, atribuindo ao próximo defeitos que não eram verdadeiros?
  • Já reparei os males causados ou estou disposto disposto a fazê-lo?
  • Disse mal dos outros - de pessoas ou instituições - baseando-me apenas nos boatos de: “contaram-me” ou no “diz-se”? Por outras palavras: colaborei na calúnia ou na
    murmuração?
  • Tenho presente que a diversidade de opiniões políticas, profissionais ou ideológicas, não deve ofuscar-me até ao ponto de julgar ou falar mal do próximo, e que essas divergências não são motivo para manifestar os seus defeitos morais, a menos que o exija o bem comum?
  • ACTO DE CONTRIÇÃO

    Meus Deus, pesa-me de todo o coração e arrependo-me do mal que pratiquei e do bem que deixei de fazer, porque, pelos meus pecados, Vos ofendi a Vós, que sois o sumo bem, digno de ser amado sobre todas as coisas. Proponho firmemente, com o auxílio da vossa graça, fazer penitência, não mais tornar a pecar e fugir das ocasiões de pecado. Senhor, pelos merecimentos da paixão de nosso Salvador Jesus Cristo, tende compaixão de mim. Ámen.

    Recordando o Santo Padre João Paulo II

    Há quatro anos atrás o Papa João Paulo II falecia em Roma às 20h37 (hora portuguesa), enquanto na praça de São Pedro milhares de fiéis rezavam em silêncio pelo Sumo Pontífice.

    Extracto da homilia do Cardeal Joseph Ratzinger nos funerais do Papa João Paulo II, a 8 de Abril de 2005:

    Segue-me! Em Outubro de 1978 o Cardeal Wojtyla escutou novamente a voz do Senhor. Renova-se o diálogo com Pedro no Evangelho desta celebração: “Simão, filho de João, Amas-me? Apascenta as minhas ovelhas!”

    À pergunta do Senhor: “Karol amas-me?”, o Arcebispo de Cracóvia respondeu do mais profundo do seu coração: “Senhor, tu sabes tudo: Tu sabes que te amo”.

    O amor a Cristo foi a força dominante do nosso amado Santo Padre. Quem o viu rezar, quem o ouviu pregar, sabe-o. E assim, graças a este profundo enraizamento em Cristo, pôde levar um peso superior às forças puramente humanas: Ser pastor do rebanho de Cristo, da sua Igreja universal. Ele interpretou para nós o mistério pascal como um mistério da Divina Misericórdia.

    Escreve no seu último livro: O limite imposto ao mal “é em definitiva a divina misericórdia” (Memória e Identidade”, pág. 70). E reflectindo sobre o atentado diz: “Cristo, sofrendo por todos nós, deu um novo sentido ao sofrimento; inseriu-o numa nova dimensão, numa nova ordem: aquela do amor… é o sofrimento que queima e consome o mal com a chama do amor e traz também ao pecado uma multiforme renovação de bem” (pág. 199). Animado por esta visão, o Papa sofreu e amou em comunhão com Cristo e por isso a mensagem do seu sofrimento e do seu silêncio foi tão eloquente e fecunda.

    Na Divina Misericórdia, o Santo Padre encontrou o reflexo puro da misericórdia de Deus em Maria, Sua Mãe. Ele, que tinha perdido a sua em tenra idade, tanto mais amou a Mãe divina. Ouviu as palavras do Senhor crucificado como ditas a ele pessoalmente: “Aqui tens a tua mãe!”. E procedeu como o discípulo predilecto: acolheu-a no íntimo do seu ser (Jo 19, 27): Totus tuus. E da mãe aprendeu a conformar-se com Cristo.

    Para todos nós permanece como inolvidável o último domingo de Páscoa da sua vida, o Santo Padre, marcado pelo sofrimento, acercou-se ainda uma vez da sua janela do Palácio Apostólico e uma última vez deu a bênção “Urbi et orbi”. Podemos estar certos de que o nosso amado Papa está agora na janela da casa do Pai, vê-nos e abençoa-nos.

    Sim, abençoa-nos, Santo Padre. Nós encomendamos a tua querida alma à Mãe de Deus, tua Mãe, que te guiou em cada dia e te guiará agora à glória eterna do Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor.
    Ámen.

    +
    Fidelium animae per misericordiam Dei
    requiescant in pace.

    quarta-feira, 1 de abril de 2009

    Aos jovens homossexuais

    É difícil para um jovem católico como eu falar aos jovens homossexuais sobre a homossexualidade. Primeiro porque, muito por culpa dos media e dos inimigos da Santa Religião,ainda se pensa que a Igreja discrmina as pessoas com esta tendência. Esta ideia errada, aliada ao não conhecimento do Catecismo da Igreja Católica, incute no homossexual católico sentimentos confusos, pois vive na ansiedade e na angústia de não estar a viver rectamente de acordo com os preceitos de Deus e da Sua Igreja e, ao mesmo tempo, de não se sentir bem consigo mesmo.

    Assim, é difícil explicar o que a Igreja recomenda a estas pessoas, chamadas à santidade como todos. Quando usamos (e eu também as uso) palavras mais ásperas contra o homossexualismo, é exactamente contra ele que me pronuncio e não contra os homossexuais enquanto pessoas. É contra a imposição da homossexualidade como “normal”. A ajuda aos homossexuais não pode passar por “normalizar” uma coisa que nunca o foi, não é e não o será. É daquelas coisas que não são votadas ou decididas por ninguém. É a natureza humana. E a natureza e a dignidade humana manifestam-se, entre outras coisas, pela união de homem e mulher, num sentido unitivo e procriativo.

    Há homossexuais que o são desde sempre. Há os que descobrem esta tendência desordenada mais tarde. Há os que o são apenas por moda. Seja qual for o caso, todos são chamados à santidade e à salvação, desde que procurem sinceramente na Igreja uma ajuda – valiosa! – que lhes permita viver, dentro dos limites da sua condição, uma vida de santidade e felicidade. Mas para isso tem de se estar decidido a amar muito a Nosso Senhor e à Santíssima Virgem. O amor a Deus e a Nossa Senhora, exemplo perfeito se santidade, castidade, sacrifício e obediência é um passo muito importante para um homossexual católico viver na Lei do Senhor.

    Que fique esclarecido: A Igreja ama os homossexuais. A Igreja acolhe as pessoas com tendência homossexual, como acolhe todo aquele que se deixar embalar por esta mãe. Acolhe-os por serem pessoas humanas, com uma dignidade igual à de todas as outras. A Igreja não fecha as portas a ninguém que verdadeira e sinceramente nela quiser encontrar abrigo e ajuda.

    Do Catecismo da Igreja Católica:

    §2358 Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objectivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa da sua condição.

    §2359 As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.

    A Igreja entende que a homossexualidade traz em si causas complexas e não exclui do seu meio àqueles que lutam por uma normalidade. O que a Igreja nunca aceitará é a prática homossexual – o homossexualismo. O mal, o pecado não está no facto de se ter esta tendência homossexual. É a prática é o que caracteriza o erro. Entendendo isso, ao jovem homossexual só resta uma saída: viver a castidade, ou seja, não manter relação sexual com ninguém. A castidade, quando bem vivida, pode fortificar a resolução do jovem em evitar a prática homossexual.

    Para quem já caiu no erro, Nosso Senhor oferece, através da Sua Igreja, um excelente remédio: o Sacramento da Penitência. Uma confissão sincera, feita com um sacerdote amigo, pode ajudar o jovem a buscar uma saída segura e feliz. Quase sempre esta saída significará um sacrifício para a pessoa. Mas lembremos que as dificuldades nos fortalecem e quando são vencidas traz paz interior. É possível sim deixar de lado as práticas homossexuais, desde que o jovem se decida em evitar as situações que o levam ao erro.

    A Igreja não aceita nem aceitará a prática homossexual porque o sexo foi criado por Deus não apenas com a função de obter prazer, mas principalmente como um meio de procriar. Como é que dois homens ou duas mulheres podem gerar um filho? O sexo no casamento traz prazer e é sagrado. Fora dele é pecaminoso e traz tristeza.Ninguém é verdadeiramente feliz, quando se vive permanentemente em pecado.

    Diz-nos Paulo Franklin:

    A tendência homossexual nunca pode ser entendida como “normal”. Não se pode “deixar” que as pessoas sigam seus instintos simplesmente por que somos livres para escolher o que é melhor ou não para a nossa vida. A nossa liberdade acaba no momento em que ela é mal usada.

    A pior coisa que se pode fazer para ajudar um jovem homossexual é aconselhá-lo a ter uma experiência sexual com alguém do sexo oposto para vê no que dá. Não se resolve um problema atirando no escuro. O jovem homossexual precisa descobrir as causas da sua homossexualidade e trabalhar arduamente para combatê-las.

    Muitas vezes, o jovem que sofre com esta realidade considera mais fácil aceitar-se como homossexual e viver a homossexualidade ao invés de procurar ajuda para buscar uma normalidade. A Igreja ensina que é possível sim deixar de ser homossexual. Assim como se pode deixar de beber, deixar de usar drogas ou deixar de roubar, pode-se perfeitamente direcionar a sexualidade para uma atitude sadia. E não existe ex-homossexual. A pessoa que deixa de lado a prática da homossexualidade torna-se homem ou mulher, mas nunca um ex-homossexual. A decisão é sempre da pessoa que percebe a cruz que carrega e luta para viver diferente.

    Dentre estas razões existe a relatada no livro A Batalha pela Normalidade Sexual escrito pelo Dr. Gerard van den Aardweg ( Ph.D. em Psicologia pela Universidade de Amsterdam-Holanda): a homossexualidade traz em si muito de infantilidade.


    Este livro é realmente muito bom.

    http://textolivre.com.br/artigos/7834-conselhos-a-um-homossexual

    Não se pode aceitar a mentalidade mundana que trata a homossexualidade com algo normal e totalmente aceitável. A Igreja não aceita a prática homossexual e luta para que seus filhos busquem a castidade como forma de vencer-se a cada dia.

    Não se deve ficar a penar e a culpar-se por ter caído no erro.

    Diz-nos de novo o mesmo autor:

    O arrependimento nos impulsiona a fazer melhor. A culpa nos paralisa. Quer mudar?

    É verdade que a cruz da tendência homossexual é pesada, mas sabemos que é da cruz que vem a Ressureição. O homossexual que souber viver com essa tendência, mas sem praticar o acto pecaminoso, está a subir a escada da santidade. Para isso é preciso a graça de Deus, o Sacramento da Confissão quando cair e receber o Santíssimo Sacramento Eucaristia frequente e nas devidas condições, se possível diariamente. Aliás, todos somos chamados a fazer isto. Os Santos são do mesmo barro que nós, tiveram seus momentos difíceis, mas conseguiram vencer com o seu esforço e o auxílio de Deus.

    São Pedro diz que Cristo “carregou as nossas enfermidades”.

    Jesus carregou também a cruz dos homossexuais. Por isso, Nosso Senhor não negará a ajuda, pela Sua graça, no combate pela virtude da castidade, a quem sinceramente Lha pedir.

    Mãe Castíssima, modelo perfeito de castidade, rogai por nós!

    São José, Esposo Castíssimo da Virgem Santa Maria e defensor das almas Virgens e Castas, rogai por nós!

    Da Suécia ao Brasil: A perversa e doentia cultura gayzista a instalar-se na sociedade

    Uma notícia LUSA

    O Parlamento sueco deverá aprovar hoje "por larga maioria" as propostas legislativas que vão permitir aos casais homossexuais casarem pelo registo civil, disse hoje à Lusa fonte do Ministério da Justiça da Suécia. Em declarações à agência Lusa, Martin Valfridsson, um porta-voz do Ministério da Justiça da Suécia, adiantou que estas alterações visam "estender a legislação que rege o casamento no país, no sentido de permitir os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, que passarão a ser reconhecidos como cônjuges".

    O responsável explicou que estas propostas visam "acabar com a importância do sexo de quem quiser contrair matrimónio, tornando os géneros dos cônjuges neutros", bem como "permitir que os casais homossexuais, que já viviam em 'uniões registadas' [uniões de facto], passem a ser vistos como casados e a terem os mesmos direitos" de qualquer casal.

    Segundo o responsável sueco, a nova legislação "deverá entrar em vigor em 01 de Maio deste ano".

    No Brasil, e segundo o blog de Jorge Ferraz (http://www.deuslovult.wordpress.com/), prepara-se uma imposição gayzista nas escolas.

    Noticia o Jorge:

    "O Projeto Educação sem Homofobia, um curso “com carga horária de 80 horas - 60 horas presenciais e 20 vivenciais” (dado o tema do curso, tenho até medo de imaginar o que isso signifique…), do qual participaram “240 professores e professoras” de Abril a Dezembro do ano passado. O curso serve para ensinar aos professores a “analisarem a própria escola e detectarem tanto a diversidade sexual ali presente (mas que não aparece e deve ser reconhecida) quanto situações de homofobia e sexismo, que devem ser combatidas”.

    Detalhe importante: “o projeto é financiado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educadação (Secad/MEC)”.

    Como “homofobia” é uma palavra inexistente e inventada pelo Movimento Gay para designar qualquer coisa que ele queira combater e destruir (e, de modo particularíssimo, é bem sabido que isto inclui o Cristianismo e a Igreja Católica), o que nós estamos vendo é o Governo financiar, com o dinheiro dos impostos dos cidadãos em sua maioria cristãos, o combate ao próprio cristianismo.

    É esta tristeza que se pode verificar por esse mundo fora. Enquanto nos matadouros (clínicas abortivas, para os abortófilos) se assassinam seres humanos em desenvolvimento, enquanto se tentam matar os idosos e incapacitados porque perderam a dignidade toda com o sofrimento e não merecem viver, o gayzismo instala-se a passos largos nesta sociedade poluída por tanta estupidez.

    É a cultura da morte e dominar o mundo. A sociedade a preferir o autor do mal, o pai da mentira, ao Autor da Vida e à Verdade, que é Cristo.

    Tristes dos que vêem nestes eufemismos diabólicos um "avanço", um "progresso".

    Portugal pensa em aderir a estas modas de aceitar perversões como sendo "normais".

    Um país como Portugal nunca deveria sofrer de adolescentismo. Devia ter VERGONHA dessas espécies de países chamados de "avançados" e não aderir a essas modas, qual adolescente rebelde que vê os outros a fazer burradas e dizer "Também quero! Também quero ser moderno! Quero ser fixe e estar ao nível da malta!"

    Tenhamos vergonha! Um país de tantos séculos, um paíz de fortes valores cristãos a sofrer de adolescentismo, porque acha o "must" as idiotices que os outros fazem...

    Ridículo.
    Triste.
    Patético!

    Santa Inquisição

    Do blog Dominus Vobiscum


    "Muitas controvérsias surgiram acerca deste melindroso e delicado assunto. Se por um lado a história regista excessos e atrocidades, muitas mentiras também foram levantadas com o único objectivo de caluniar a Igreja Católica. Foram períodos duros para a Igreja, que teve de agir com veemência diante do surgimento de heresias que ameaçavam destruir os princípios básicos da Sã Doutrina.

    Entretanto, para entendermos os excessos e grandes abusos na aplicação do regimento da Santa Inquisição, devemos estudar também a questão da investiduras, que será tratado num tópico à parte.

    Resumidamente, podemos dizer que naquela ocasião os soberanos exerciam forte interferência política nas decisões regionais da Igreja, muitas vezes influenciando directamente na escolha de bispos e padres. Muitos deles santificaram-se nos cargos em que foram investidos. Outros, porém, sem o menor resquício de vocação religiosa, aceitavam tal condição unicamente para atender os interesses dos nobres.

    Um tipo de influência política semelhante, a História registou no caso do julgamento de Santa Joana D'Arc, apesar de nesta época a questão das investiduras ser já uma página virada.
    Ao ser aprisionada quando tentava libertar a cidade de Compiègne, foi sumariamente sentenciada sem que pudesse recorrer às instâncias superiores da Igreja. Assim, apoiada pelo clero francês, acabou sendo condenada à morte, como herética pelo clero inglês e, ao apelar para o Papa, o Bispo francês Pedro Cauchon, simpático à coroa inglesa, retrucou: "O Papa está muito longe". Aplicou-se , assim a pena capital através de uma decisão iníqua, maliciosa e política, sem direito à apelação, sem o conhecimento do Papa.

    Não é à toa ser notório que muitos acusam e responsabilizam a Santa Igreja por tais excessos. Sem conhecimento de causa, ignoraram a má conduta daqueles falsos pastores, políticos e iníquos que, usurpando suas funções eclesiais, aplicavam penas capitais baseada nos seus interesses escusos. Não fosse assim Santa Joana D'Arc não teria sido elevada aos altares, para honra dos católicos e glória de Deus.

    HISTÓRIA

    Pode-se dizer que a Igreja Católica foi a alma da sociedade feudal, onde o clero era constituído como a única classe letrada e, os servos e senhores, na maioria ignorantes e completamente analfabetos. Os sacerdotes, arcebispos, padres e párocos constituíam o clero secular, porque seus membros viviam na sociedade ou no mundo (do latim seculum). Os bispos governavam uma diocese constituída de várias paróquias e administravam em nome da Igreja. Já o clero regular era dividido em diversos grupos de comunidades e, cada comunidade de convento que obedecia à mesma regra, denominava-se , como ainda hoje denomina-se "ordem".

    A importância do clero regular na cultura medieval foi enorme. Bastaria dizer-se que as obras mestras da literatura latina chegaram até os nossos dias através dos manuscritos copiados pelos monges. O respeito que impunham criava ao redor dos mosteiros uma zona de segurança, onde a massa campesina encontrava asilo e protecção. A Igreja enaltecia a dignidade do trabalho, dando o exemplo com a operosidade de seus monges na agricultura: "Ora et labora" - reza e trabalha.

    Os tribunais eclesiásticos eram importantíssimos na idade média, pois não julgavam somente os membros do clero, mas se pronunciavam sobre todos os assuntos que directa ou indirectamente se vinculavam à Igreja, tais como contratos celebrados sob juramento, testamentos, questões referentes à órfãos e viúvas, bruxarias, sacrilégios, etc.
    A maneira de julgar dos tribunais eclesiásticos era sumamente mais justa que os processos bárbaros utilizados pela justiça feudal, como os "ordálios" e "juízos de Deus". Nos tribunais ordálios exigia-se que o acusado provasse sua inocência colocando a mão no fogo ou água fervente. Os "juízos de Deus" submetiam o acusador e o acusado à luta, e tinha ganho de causa o vencedor.

    O julgamento da Igreja Católica pautava-se por um conjunto de normas que constituíam o direito canónico, o qual proporcionava aos acusados defesa muito mais amplas e penas menos severas, razão por que a maioria das pessoas procurava estar sob jurisdição eclesiástica.

    Também para coibir dissidências que pudessem eventualmente atingir os princípios básicos da sã doutrina, dispunha a Igreja da excomunhão. O excomungado era excluído da comunidade dos fiéis, não podendo receber os sacramentos e os católicos não podiam ter nenhuma relação ou contacto com ele. Quando os senhores feudais excomungados persistiam em rebeldia , a Igreja lançava então a interdição, que significava a proibição da realização de qualquer cerimónia religiosa no feudo.

    Os princípios básicos da Inquisição remontam ao ano de 1184, quando, pelo Concílio de Verona , tornou-se órgão de investigação e combate às heresias. O tribunal do Santo Ofício, a princípio, definiu as atribuições que seriam exercidas pelos bispos especialmente delegados, penetrando em diversos países da Europa, mas só adquiriu força na península ibérica, Itália, França e Alemanha.

    Em 1231, através o Papa Gregório IX lança a bula Excommunicamus, que estabelecia a Santa Inquisição, tendo adquirido funcionamento próprio através de um decreto, de 1233, sistematizando leis e jurisprudências acerca dos crimes relativos à feitiçaria, blasfémia, usura e heresias. Os processos eram constituídos a partir de denúncias e confissões, feitas muitas vezes para evitar de incorrer em um outro crime considerado pior: o de ser "fautor de hereges", isto é, acobertar ou fomentar as heresias. As penas aplicadas tinha uma gradação de penas que iam do jejum, multas, pequenas penitências e até a prisão. Nos casos considerados mais graves, os acusados eram entregues ao "braço secular", isto é, à autoridade civil, a qual geralmente aplicava a pena máxima da morte na fogueira, em um acto público, chamado, "auto de fé", isso em casos extremos em que o herege, voluntariamente negava-se a pedir perdão ou a retractar-se.

    O estabelecimento das leis do Santo Ofício firmaram-se, principalmente, por causa da reacção da própria sociedade. Praticamente unânime de pensamento e espírito cristão, mobilizam-se contra fortes correntes que rejeitam e atacam a doutrina e organização da Igreja. Tais movimentos heréticos organizam-se e influenciam fortemente o ambiente por intensa propaganda. Destacando os cátaros e albingenses, que julgam descobrir radical oposição entre o Bom (almas puras) e o Mau (resto do mundo), além de consideraram o matrimónio e a procriação como invenção do Demónio; rejeitam o juramento de fidelidade, bem como os sacramentos, a hierarquia da Igreja, os dias de festa, construção de igrejas, etc. Antes de 1200, ocorrera, muitas vezes, que o povo linchasse a hereges presos, "porque tinha medo", assim reza o documento, "que o clero fosse demasiadamente clemente".

    Posteriormente, após o assentamento das leis da inquisição, o bispo na qualidade de juiz papal assume os encargos da inquisição sobre determinados casos na sua jurisdição eclesiástica e, nesta fase, em inúmeros casos, tal poder eclesial assume carácter eminentemente político. O rei tinha o poder de nomear bispos e padres e tal investidura, muitas vezes, representava interesse bilateral, onde a troca de favores podia ser uma inclinação natural para personalidades voltadas à planos terrenos, e não divinos, como deveriam ser.

    Em consequência disso, foram sendo desvirtuados os verdadeiros objectivos das leis do Santo Ofício. Pessoas condenadas à fogueira, na maioria das vezes, eram sentenciadas por membros do clero em atendimento aos interesses dos soberanos, vezes sem par, à revelia do Papa. A questão, portanto, subtilmente embaralhava questões políticas com religiosas e essa confusão ainda ecoa nos dias actuais. Sem dúvida, muitas barbaridades foram cometidas, a maioria delas em nome do Papa e da Santa Madre Igreja.

    Em nome da Igreja, e não pela Igreja.

    Daí a necessidade de pelo menos tentarmos entender, mesmo que palidamente tais questões e seus reflexos exercidos por maus pastores atraídos aos cargos eclesiásticos, não por vocação, mas com a flagrante intenção de trocas de interesses e favores políticos. Surpreendentemente, muitos destes homens que receberam tais investiduras, eram santos religiosos, piedosos. Pela inata nobreza de carácter, preferiram fidelidade a Roma a serem servis aos interesses do rei. Pagando com a vida, assumiram as honras dos altares.

    Em 1542 a Inquisição foi restabelecida como órgão oficial da Igreja, revigorado e dirigido de Roma pelo Santo Ofício, sendo que seu objectivo era deter com violência o avanço protestante em Portugal, Espanha e Itália. Tempos de significativas mudanças no mapa religioso e político da Europa.

    Devemos ressaltar ainda que há muitas divergências entre os historiadores sobre a questão da inquisição. Sem dúvida, o tempo nos separou daquele capítulo longínquo, de forma que estabelecer um raciocínio preciso sobre tais acontecimentos exigiria um estudo muito aprofundado sobre o assunto. As circunstâncias da época, os conceitos da sociedade, as decisões do clero e do poder civil, toma um vulto demasiadamente complexo e talvez incompreensível para a sociedade contemporânea.

    O certo é que críticas a respeito e os consequentes ataques à Igreja sem conhecimento de causa é, no mínimo, leviandade. Como católicos sabemos que os Papas da época agiram acertadamente, e tomaram não posturas e atitudes pessoais, mas sim divinas, sob inspiração do Espírito Santo. É uma pena que os historiadores actuais tentem responsabilizar a Igreja por actos isolados praticados por outros interesses, como mencionamos.

    Na Eternidade, tudo será definitivamente esclarecido."

    ( http://dominusvobis.blogspot.com/)

    Ora nem mais!