domingo, 13 de setembro de 2009

Stabat Mater

"E uma espada trespassará a tua alma."
(Lc. 2,34)

V: Bendita sejais, Mãe do redentor,
R: Por Vossa tão grande dor.

Após celebrar a festa da Exaltação da Santa Cruz, a Igreja celebra, a 15 de Setembro, as Sete Dores de Maria Santíssima - a festa de Nossa Senhora das Dores. A Cruz do Senhor e as Dores de Sua Mãe Imaculada. Uma bela sequência litúrgica, que une o instrumento da nossa Redenção ao sacrifício Co-Redentor d’Aquela que soube unir as Suas Dores à Dor do Seu Divino Filho, em favor de nós.

E porque relembrarmos as Dores de Maria Santíssima? Porque Aquela que Se conformou perfeitamente à vontade do Seu Divino Filho é-Lhe imitadora em tudo - de maneira particularíssima, na Dor. Devemos seguir os passos de Cristo junto com Sua Mãe Dolorosa. Devemos tomar a nossa Cruz a cada dia e seguir Jesus (cf. Mc 8, 34); e a Virgem, Mater Dolorosa, é a primeira a nos ensinar isso com o Seu exemplo. Neste Vale de Lágrimas, chora a Virgem, não pelos próprios pecados, mas pelos pecados dos Seus filhos; a Virgem penitente faz penitência não por Si própria - pois não tem necessidade - mas por aqueles que Ela ama maternalmente.

Não conhecemos o suficiente o valor dos sofrimentos desta Senhora Imaculada em nosso favor! Somos duplamente ingratos, esquecendo-nos da Cruz de Cristo ontem exaltada e menosprezando as lágrimas da Virgem hoje vertidas por nós. Maria abraçou com prontidão a Cruz de Jesus Cristo e assumiu sem pestanejar as dores do Seu Filho, embora não tivesse pecados para Se penitenciar; e nós, que temos tantas faltas e tão grandes culpas, com que dificuldade fazemos penitência em nosso favor!

Olhemos para a Virgem das Dores; que o amor desta Boa Mãe pelas nossas almas possa fazer com que as valorizemos mais. E que, pela intercessão de Nossa Senhora das Dores, nós possamos, seguindo os passos de Cristo até o Calvário, alcançarmos um dia a Bem-Aventurança Eterna à qual Ele nos chama.

"Quero ficar junto à Cruz, velar conTigo a Jesus e o Teu pranto enxugar".

Assim, a Igreja reza a Maria neste dia, pois celebramos a Sua compaixão, piedade; Suas sete dores que encontraram seu ponto mais alto no momento da crucificação de Jesus. Esta devoção deve-se muito à missão dos Servitas – religiosos da Companhia de Maria Dolorosa – e sua entrada na Liturgia aconteceu pelo Papa Bento XIII.

A devoção a Nossa Senhora das Dores possui fundamentos bíblicos, pois é na Palavra de Deus que encontramos as sete dores de Maria:

1. A profecia de Simeão

“Eis aqui está posto este Menino para ruína e para ressurreição de muitos de Israel, e como alvo a que atirará a contradição. E uma espada trespassará tua alma”. (Lc. 2,34)

A estas palavras a SS. Virgem vê de uma maneira clara e distinta no futuro as contradições a que Jesus Cristo será exposto: contradições na doutrina, contradições no conceito público, contradições nos seus santíssimos afectos, na alma e no corpo. E esta previsão dolorosa ficou na alma de Maria durante trinta e três anos. À medida que Jesus crescia em idade, em sabedoria e em graça, no Coração de Maria aumentava a angústia de perder um filho tão caro, pela aproximação da inexorável Paixão e Morte.“O Senhor usa de compaixão para connosco, em não nos fazer ver as cruzes que nos esperavam, e se temos de sofrer, é só uma vez. Com Maria Santíssima assim não procedeu, porque a queria Rainha das dores e toda semelhante ao Filho; por isso ela via sempre diante de si todas as pelas que havia de sofrer.” (Santo Afonso)

2. A fuga para o Egipto

A profecia de Simeão começou a cumprir-se logo. Jesus apenas nascido, já é cercado pela morte. Para salvá-lo, Maria deve ir para um exílio longínquo, para o Egipto, por caminhos desconhecidos, cheios de perigos. No Egipto, a Sagrada Família passou perto sete longos anos como estranha, desconhecida, sem recursos, sem parentes. “A viagem de volta para a Terra Santa apresentou-se mais penosa ainda, porque o Menino Jesus já era tão crescido que, levá-lo ao colo, difícil tarefa devia ser, e fazer a pé o grande trajecto parecia acima de suas forças” (São Boaventura)

3. Jesus perde-se e é encontrado no templo

Há quem diga que toda esta dor não só foi maior de todas que Maria sofreu na sua vida, mas que foi também de todas a mais acerba.
Nos outros seus sofrimentos tinha ela Jesus em sua companhia; mas agora via-se longe dele, sem saber onde ele se achava. Das outras dores Maria conhecia perfeitamente a razão e o fim, isto é, a redenção do mundo, a vontade divina; mas nesta dor não podia ela atinar com o motivo de Jesus estar longe de sua Mãe. Quem sabe se sua mente não se torturava com pensamentos como este: não o servi como devia, cometi alguma falta, alguma negligência, que motivasse dele se retirar de mim? Certo é que não pode haver pena maior para uma alma que tem amor a Deus, senão o temor de o ter desgostado. Realmente, em nenhuma outra dor, que nós saibamos, Maria se lamentou, queixando-se amorosamente com Jesus, depois de o ter achado: “Filho, porque fizeste isto connosco? Olha que teu pai e eu te buscávamos aflitos”.
(Santo Afonso)

4. Maria se encontra com Jesus a caminho do Calvário

Pilatos tinha sentimento humano para com Jesus; tivesse ele vencido sua covardia, talvez o teria salvo do furor da multidão, ainda mais, se à súplica de sua mulher se tivesse unido um pedido da Mãe de Jesus. Maria, porém, não se move naquela hora tremenda, que decide da vida ou da morte de seu Filho, porque sabe, que o Filho podia por si, sem auxílio alheio, livrar-se dos seus inimigos, e se se deixa como um cordeiro levar ao suplício, então é porque o faz espontaneamente, cumprindo a vontade de Deus. Maria ainda não se move, quando a sentença já é irrevogavelmente pronunciada. Vai ao encontro de Jesus que, carregado do peso da cruz, se encaminha para o Calvário. Vê-o todo desfigurado e entregue, coberto de mil feridas e horrivelmente ensanguentado. Seus olhares se cruzam. Nenhuma queixa sai da sua boca, porque as maiores dores Deus lhe reservou para a salvação do mundo. Aquelas duas almas, heroicamente generosas, continuam juntas no seu caminho do sofrimento, até o lugar do suplício.

5. Jesus é crucificado e morre na cruz.

Chegam ao Calvário. Os algozes despojam Jesus das suas vestes, pregam-no na cruz, levantam o madeiro e sobre ele deixam-no morrer. Maria agora se aproxima da cruz e perto da cruz fica, e assiste à horrível agonia de três horas.

“Que espectáculo ver-se o Filho agonizante sobre a cruz, e ver-se ao pé da mesma agonizar a Mãe, que todas as penas sofria com seu Filho! (Santo Afonso).

“O que os cravos eram para o corpo de Jesus, para o coração de Maria era o amor” (São Bernardo).

“No mesmo tempo que Jesus sacrificava o corpo, a Mãe imolava a alma” (São Bernardo).

E não pode dar ao Filho o menor alívio; ainda saber que o maior tormento para o Filho era ver presente sua Mãe, que dor, que sofrimento! O único alívio para a Mãe e para o filho era saber, que das suas dores resultava para nós a vida eterna.

6. Abertura do coração de Jesus pela lança e o descer da cruz

Jesus morrendo, exclamou: “Consummatum est” – Tudo está consumado. Estava completa a série dos sofrimentos para o Filho, não porém, para a Mãe. Quando ela está chorando a morte do filho, um soldado vibra a lança contra o peito de Jesus, abrindo-o, e sai sangue e água. O corpo morto de Jesus não sente mais a lançada; mas sentiu-a a Mãe no íntimo do coração. Tiram o corpo do Filho da cruz. O Filho é entregue à Mãe, mas em que estado! Antes o mais belo entre os filhos dos homens, agora está todo desfigurado. Antes, era um prazer olhar para ele; agora, seu aspecto é horroroso. Quando morre um filho, trata-se de afastar do cadáver a mãe. Maria, pelo contrário, não deixa que lho tirem dos seus braços, senão quando é para sepultá-lo.

7. Jesus é colocado no sepulcro.

“Eis que já o levam para sepultá-lo. Já se põe em movimento o doloroso préstimo. Os discípulos levam o corpo de Jesus sobre os ombros. Os Anjos do céu o acompanham. As santas mulheres seguem e, no meio delas, a Mãe. Querem que ela mesma acomode o corpo sacrossanto de Jesus no sepulcro, precisando por a pedra para fechar o sepulcro, os discípulos precisam dirigir-se à SS. Virgem, e lhe dizer: “Agora é hora de vos despedir, Senhora; deixai que fechemos o sepulcro. Muni-vos de paciência! Olhai-o pela última vez e despedi-vos de vosso filho”. Moveram a pedra e colocaram-na no seu lugar, fechando com ela o santo sepulcro. Maria, dando um último adeus ao Filho e à sepultura, volta para casa” (Santo Afonso).

“Voltou tão triste a aflita e pobre Mãe, que todos a viam, dela se compadeciam e choravam” (São Bernardo)

Só no nosso coração não haverá lágrimas para Maria? Não choramos nós, que somos a causa de tantas dores? Ah! Se nos faltam lágrimas de sentimento dos nossos olhos sensíveis, choremos pelo menos lágrimas de penitência, expressão ainda do firme propósito, de não mais cometermos pecado algum. Foram os nossos pecados que levaram à morte o nosso Irmão primogénito, e trespassaram o coração dulcíssimo de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe.

(Fonte: adaptado de http://portalcot.com/reporter/as-sete-dores-de-maria/ e http://www.deuslovult.org/2008/09/15/nossa-senhora-das-dores/)

Stabat Mater dolorosa
Juxta Crucem lacrimosa,
Dum pendebat Filius.
+
Cujus animam gementem,
Contristatam et dolentem,
Pertransivit gladius.
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O quam tristis et afflicta
Fuit illa benedicta
Mater Unigeniti!
+
Quem maerebat, et dolebat,
Pia Mater, dum videbat
Nati paenas inclyti.
+
Quis est homo, qui non fleret,
Matrem Christi si videret
In tanto supplicio ?
+
Quis non posset contristari,
Christi Matrem contemplari
Dolentem cum Filio?
+
Pro peccatis suae gentis
Vidit Jesum in tormentis,
Et flagellis subditum.
+
Vidit suum dulcem natum
Moriendo desolatum,
Dum emisit spiritum.
+
Eia Mater, fons amoris,
Me sentire vim doloris Fac,
ut tecum lugeam.
+
Fac, ut ardeat cor meum
In amando Christum Deum,
Ut sibi complaceam.
+
Sancta Mater, istud agas,
Crucifixi fige plagas
Cordi meo valide.
+
Tui nati vulnerati,
Tam dignati pro me pati,
Paenas rnecum divide.
+
Fac me tecum pie flere,
Crucifixo condolere,
Donec ego vixero.
+
Juxta Crucem tecum stare,
Et me tibi sociare
In planctu desidero.
+
Virgo virginum praeclara,
Mihi jam non sis amara:
Fac me tecum plangere.
+
Fac, ut portem Christi mortem
Passionis fac consortum,
Et plagas recolere.
+
Fac me plagis vulnerari
Fac me cruce inebriari,
Et cruore Filii.
+
Flammis ne urar succensus
Per te, Virgo, sim defensus
In die judicii.
+
Christe, cum sit hinc exire,
Da per Matrem me venire,
Ad palmam victoriae.
+
Quando corpus morietur,
Fac, ut animae donetur
Paradisi gloria.
+
Ámen.

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