quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Ó Jesus! É por vosso amor e pela conversão dos pecadores."

"As almas custaram tantos sofrimentos a Jesus. Que lástima se perderem eternamente... Oh! Esses pobres pecadores que estão na eminência de se decidir pró ou contra Deus! Um pai-Nosso, uma Avé-Maria pode inverter a balança a seu favor. Rezemos pela conversão dos pecadores! (...) E quantos estão em suspenso! Rezemos." (Santo Cura D'Ars, São João Maria Vianney)

Fonte

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"Ó meu Jesus! É por vosso amor, pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria!"

Muitas vezes esta frase brotou dos inocentes lábios de Jacinta, nas suas penitências pela salvação das almas.

Desde o momento em que ouviu da Santíssima Virgem o apelo para oferecerem sacrifícios Deus, a fim de evitar que os homens fossem condenados ao Inferno, a pequena pastora transformou-se numa chama que ardeu continuamente nessa intenção.

"A Jacinta tomou tanto a peito os sacrifícios pela conversão dos pecadores", recorda a Irmã Lúcia, "que não deixava escapar ocasião alguma. Havia umas crianças, filhos de duas famílias da Moita, que batiam de porta em porta pedindo esmola. Encontramo-los, um dia, quando íamos com o nosso rebanho. Jacinta, ao vê-los, disse:

- Vamos dar nossa merenda àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores."

"E correu a levá-las. Pela tarde, disse-me que tinha fome. Havia ali algumas azinheiras e carvalhos. A bolota estava ainda bastante verde. No entanto, disse-lhe que podíamos comer dela. O Francisco subiu numa azinheira para encher os bolsos, mas a Jacinta lembrou-se que podíamos comer da dos carvalhos, para fazer o sacrifício de comer a amarga. E lá saboreamos aquele delicioso manjar! A Jacinta fez disso um dos seus sacrifícios habituais."

Combinaram, então, sempre que encontrassem esses pobrezinhos, dar-lhes as suas refeições. E as crianças, satisfeitas com a generosa esmola, procuravam encontrá-los, esperando-os pelo caminho. Assim que os via, Jacinta corria a levar-lhes todo o alimento do dia, alegre e animada. Nessas ocasiões, os três comiam raízes de uma flor do campo, amoras, cogumelos ou fruta, se havia alguma ali por perto, em alguma propriedade pertencente a seus pais.

Estimulada por um extraordinário zelo das almas, a Jacinta parecia mesmo insaciável na prática do sacrifício. Conta sua prima que, certo dia, um vizinho ofereceu-lhes uma boa pastagem para o seu rebanho. Porém, ficava num lugar bastante longe, e estavam nos dias mais quentes do verão. Pelo caminho, encontraram os seus queridos pobrezinhos, e a Jacinta correu a levar-lhes a esmola. Sob um sol escaldante, a sede era cada vez maior e não havia um pingo de água para beber. A princípio, ofereceram o sacrifício com generosidade pela conversão dos pecadores. Mas, depois do meio-dia, era difícil resistir...

Lúcia propôs de irem a um lugar próximo, pedir um pouco de água. Aceitaram, e lá foi ela bater à porta de uma velhinha, que, ao dar-lhe uma bilha com água, ofereceu-lhe também um bocadinho de pão, aceitou com reconhecimento, e logo distribuído entre os companheiros. Em seguida, entregou a bilha ao Francisco e lhe disse que bebesse.

- Não quero beber.

- Por quê?

- Quero sofrer pela conversão dos pecadores.

- Bebe tu, Jacinta!

- Também quero oferecer o sacrifício pelos pecadores.

Resultado: a água foi toda deixada na cova de uma pedra, para que dela bebessem as ovelhas... O calor, entretanto, tornava-se cada vez mais intenso. As cigarras e os grilos juntavam o seu cantar ao das rãs numa lagoa vizinha, e faziam uma barulheira insuportável. A Jacinta, debilitada pela fraqueza e pela sede, pediu à prima, com aquela simplicidade que lhe era natural:

- Diz aos grilos e às rãs que se calem! Dói-me tanto a minha cabeça!

O Francisco então perguntou:

- Não queres sofrer isto pelos pecadores?!

A pobre criança, apertando a cabeça entre as mãozinhas, respondeu:

- Sim, quero. Deixa-as cantar.

E nunca se esquecia de levantar as mãozinhas e os olhos ao Céu, repetindo sua frase tão querida:

- Ó Jesus! É por vosso amor e pela conversão dos pecadores.

Fonte: ARAUTOS

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Em Henrique Pranzini, as qualidades naturais e os vícios disputavam a primazia. Falava na perfeição vários idiomas e viajara por muitos países. Aventureiro, alistara-se no Exército das Índias e foi lutar no Afeganistão. Depois ofereceu os seus serviços ao Império russo para combater no Sudão.

Em 1887, ei-lo em Paris, onde se relacionou com a rica e tristemente célebre Regina de Montille. No intuito de, ao que consta, apoderar-se da fortuna dessa infeliz mulher, estrangulou- a a sangue frio, juntamente com a sua filha de doze anos e uma empregada.

Preso por esse tríplice assassinato, proclamou com cínica empáfia a sua "inocência" e passou seus últimos dias lendo livros obscenos. Em vão vários sacerdotes o visitaram na prisão: não dava sinal algum de arrependimento e gloriava-se de não temer a condenação eterna.

Justamente nesses dias, Teresa sentia em sua alma um premente apelo de Jesus, que ela própria assim descreve: "Ele fez de mim uma pescadora de almas. Senti um grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores. (...) Olhando uma fotografia de Nosso Senhor crucificado, comoveu-me ver o sangue que corria de uma de suas mãos divinas e causou-me grande pena a consideração de que esse sangue caía por terra sem que ninguém procurasse recolhê-lo, e resolvi manter-me em espírito ao pé da Cruz para receber esse Divino Orvalho e distribuí-lo às almas (...) Eu ardia do desejo de arrancar das chamas do inferno as almas dos grandes pecadores".

Assim estava a santa "Pescadora de Almas" quando Pranzini foi condenado à morte. E ela se pôs a campo para livrá-lo da eterna condenação: rezou, fez sacrifícios e mandou celebrar uma Missa, nessa intenção.

A sua confiança na misericórdia divina lhe dava a certeza de que esse infeliz seria perdoado, mesmo se ele não se confessasse nem sequer se mostrasse arrependido. Entretanto, diz ela, "pedi a Jesus apenas ‘um sinal' de arrependimento, simplesmente para minha consolação".

E esse sinal lhe foi dado!

No dia seguinte ao da execução, ela leu no jornal "La Croix" a descrição detalhada dos derradeiros minutos de vida do criminoso:

"Às cinco horas menos dois minutos, enquanto os pássaros silvam nas árvores da praça e um murmúrio confuso se ergue da multidão (...) abre-se a porta da prisão e assoma pálido o assassino. O capelão, Pe. Faure, põe-se à sua frente, ele repele o padre e os carrascos. Ei-lo diante da guilhotina para onde o carrasco Deibler o empurra. Um ajudante, colocado do outro lado, agarra-lhe a cabeça, para mantê-la presa pelo cabelo em baixo da lâmina prestes a cair.
Antes, porém, talvez um relâmpago de arrependimento tenha atravessado a consciência do criminoso. Pranzini pediu ao capelão o crucifixo e beijou-o duas vezes. Depois, o cutelo caiu, e quando um dos ajudantes agarrou pelas orelhas a cabeça cortada, concluímos que, se a justiça humana estava satisfeita, talvez este derradeiro ósculo tenha satisfeito também a Justiça Divina, a qual pede, sobretudo, o arrependimento".

E a futura Padroeira das Missões deu graças a Deus por esse seu primeiro pecador convertido, "meu primeiro filho" - escreveu ela, emocionada, nos Manuscritos Autobiográficos.

Enquanto Santa Teresinha permaneceu no século, utilizava o dinheiro que juntara no seu cofrezinho para encomendar Missas pela alma de Pranzini a cada dia 31 de Agosto, aniversário da execução do condenado.
Hábito este que, com a devida licença da superiora, conservou também no Carmelo.

Fonte: Revista Arautos do Evangelho, Jan/2007, n. 61, p. 32-33)

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