A penitência não consiste unicamente em abstinências e
mortificações corporais; visa sobretudo o coração, a vontade e a conduta. Fazer
penitência é afastar nosso amor de toda afeição viciosa, para amar puramente a
Deus; é renunciar a todas as satisfações passageiras, para obedecer filialmente
à vontade de Deus; é reformar as imperfeições de nossa conduta, para viver
santamente segundo a lei de Deus; em suma, fazer penitência é trabalhar para a
destruição do homem caduco, para auxiliar a ressurreição do homem novo.
Mas o espírito de penitência não poderia reanimar os que julgam
justos e virtuosos, mas tão somente àqueles que a título de pecadores, imploram
a misericórdia do Senhor. E se não podemos empregar austeridades voluntárias
para nos castigarmos, ao menos aceitemos de bom grado as aflições, trabalhos,
acidentes e sacrifícios que a Providência nos impõe.
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