segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Que aproveita ao homem ganhar o mundo todo, se vier a perder a sua alma?" (Lc 9,25)

"Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã".

(São Marcos 13,35)

Ilustração da morte de um justo, que morre confortado com os Sacramentos da Santa Igreja (parte superior) e de um pecador que morre impenitente (em baixo).

"Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo."

(São Marcos 13,33)

Do Catecismo da Igreja Católica:

A morte

1006 «É em face da morte que o enigma da condição humana mais se adensa». Num certo sentido, a morte do corpo é natural: mas sabemos pela fé que a morte é, de facto, «salário do pecado» (Rm 6,23). E para aqueles que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar na sua ressurreição.

1007 A morte é o termo da vida terrena. As nossas vidas são medidas pelo tempo no decurso do qual nós mudamos e envelhecemos. E como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte surge como o fim normal da vida. Este aspecto da morte confere uma urgência às nossas vidas: a lembrança da nossa condição de mortais também serve para nos lembrar de que temos um tempo limitado para realizar a nossa vida:

«Lembra-te do teu Criador nos dias da mocidade [...], antes que o pó regresse à terra, donde veio, e o espírito volte para Deus que o concedeu»
(
Qo 12,1 Qo 12,7).

1008 A morte é consequência do pecado. Intérprete autêntico das afirmações da Sagrada Escritura e da Tradição, o Magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem. Embora o homem possuísse uma natureza mortal. Deus destinava-o a não morrer. A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus Criador e entrou no mundo como consequência do pecado. «A morte corporal, de que o homem estaria isento se não tivesse pecado», é, pois, «o último inimigo» (1Co 15,26) do homem a ter de ser vencido.

1009 A morte é transformada por Cristo. Jesus, Filho de Deus, também sofreu a morte, própria da condição humana. Mas apesar da repugnância que sentiu perante ela, assumiu-a num acto de submissão total e livre à vontade do Pai. A obediência de Jesus transformou em bênção a maldição da morte.

O sentido da morte cristã

1010 Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. «Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro» (Ph 1,21). «É digna de fé esta palavra: se tivermos morrido com Cristo, também com Ele viveremos» (2Tm 2,11). A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo Baptismo, o cristão já «morreu com Cristo» sacramentalmente para viver uma vida nova; se morremos na graça de Cristo, a morte física consuma este «morrer com Cristo» e completa assim a nossa incorporação n'Ele, no seu acto redentor:

«É bom para mim morrer em (
eis) Cristo Jesus, mais do que reinar dum extremo ao outro da terra. É a Ele que eu procuro, Ele que morreu por nós: é a Ele que eu quero, Ele que ressuscitou para nós. Estou prestes a nascer [...]. Deixai-me receber a luz pura: quando lá tiver chegado, serei um homem».

1011 Na morte, Deus chama o homem a Si. É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de S. Paulo: «Desejaria partir e estar com Cristo» (Ph 1,23). E pode transformar a sua própria morte num acto de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo:

«O meu desejo terreno foi crucificado: [...] há em mim uma água viva que dentro de mim murmura e diz: "Vem para o Pai"»
«Ansiosa por ver-te, desejo morrer»
«Eu não morro, entro na vida».

1012 A visão cristã da morte é expressa de modo privilegiado na liturgia da Igreja:

«Para os que crêem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma: e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna».

1013 A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrena segundo o plano divino e para decidir o seu destino último. Quando acabar «a nossa vida sobre a terra, que é só uma», não voltaremos a outras vidas terrenas. «Os homens morrem uma só vez» (He 9,27). Não existe reencarnação depois da morte.

1014 A Igreja exorta-nos a prepararmo-nos para a hora da nossa morte («Duma morte repentina e imprevista, livrai-nos, Senhor»: antiga Ladainha dos Santos), a pedirmos à Mãe de Deus que rogue por nós «na hora da nossa morte» (Oração da Ave-Maria) e a confiarmo-nos a S. José, padroeiro da boa morte:

«Em todos os teus actos em todos os teus pensamentos, havias de te comportar como se devesses morrer hoje. Se tivesses boa consciência, não terias grande receio da morte. Mais vale acautelares-te do pecado do que fugir da morte. Se hoje não estás preparado, como o estarás amanhã?».

Lembra-te de teus novíssimos, e não pecarás jamais.
(Ecl 7,40)

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