sábado, 12 de junho de 2010

"Chora, oh terra de Santa Maria, que dos teus sofres a tirania!"


"O Meu Imaculado Coração será  o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus"

(Nossa Senhora, em 13 de Junho de 1917 - Fátima)

« Quem é essa que à beira mar se levanta

Com a beleza e a graça de uma Infanta,


Que, com a bravura das caravelas,


Desafia o mar, os ventos e as procelas?





Que torre é essa de porte de rainha,


Com a elegância de uma nau marinha?


Que torre é essa de alma forte e guerreira,


Viva e desafiante qual bandeira?





Torre de Belém, torre da proeza!


Oh alma de pedra e de fortaleza


De Portugal, para sempre encarnada


Nesta nau na foz do Tejo ancorada,


Quantas glórias tu fazes recordar:


Façanhas e triunfos no além-mar!





Tu lembras, oh caravela lendária,


a vocação cruzada e missionária


de Portugal, marujo de olhar fito


no horizonte, perscrutando o infinito.





Quem? Quem te deu essa brancura de garça,


espalhando-se na onda que se esgarça ?


Quem te deu a leve graça da gaivota


que esvoaça em busca de nova rota ?





Tu, como Portugal, pequena embora,


revelas a alma grandiosa que em ti mora,


tão pequena e grandiosa és, que , talvez,


tua grandeza venha de tua pequenez.





Do alto de tua plataforma guerreira,


bem se vê tua humildade altaneira.


Quem te vê tão só, te vê tão pequena,


quem te vê tão grandiosa, tão serena,





oh caravela de pedra no Tejo,


compreende tua alma ardente de desejo


de ultrapassar verdes mares e montes,


a sede lusa de vencer horizontes,


a ânsia de ir sempre mais além,


até plantar a Cruz em Jerusalém !





Portugal, em tuas noites de veludo,


em tua torre, cada ameia é um escudo,


na aurora, toda banhada de luz,


em tua torre, cada escudo, uma cruz.





Torre de Belém, nau petrificada,


em ti vive o espírito da cruzada.


Como não te faria assim teu artista


a ti, oh filha e flor da Reconquista ?





Dos cavaleiros, tu tens a ousadia,


tens sua nobreza, sua leal valentia,


a dureza de suas brancas couraças,


tens a sua honra, sua grandeza e suas graças.





Que fortaleza nessa torre quadrada,


firme no convés de pedra lavrada !


Como flutuas graciosa sobre as vagas


que te trazem saudades de outras plagas,


gratos e castos beijos do oceano,


por tua renúncia ao solo lusitano.





Recebe das ondas, com suas carícias,


da Índia, tesouros, do Brasil primícias.





E como tu és amena !





E como tu és serena !





E que simplicidade e formosura





em teu severo claustro de verdura !





Como revela bem lusa confiança,


do Bom Sucesso, a Virgem da Esperança,


em teu convés, Rainha e Capitã


de tua epopéia intrépida e cristã !





Que graça delicada em teus arcos


enlevados com as velas dos barcos,


deslumbrados, olhando para o mar,


e jamais cansados de o contemplar.





Como lanças tua proa com ousadia,


cortando o mar que em vão te desafia !


E a Vigilância, alerta sentinela,


espreita a mourisca inimiga vela,


nas torretas altivas do convés,


indiferente às ondas a seus pés.





De tuas salas austeras de convento


já não mais são levados pelo vento


cantos de guerra e cantos de mosteiros,


vozes de monges, vozes de guerreiros !


Já não mais se ouvem cruzados em prece,


ora que em Portugal a noite desce.





Oh Torre de Belém, oh caravela,


que grandeza tua vocação revela !


Junto de ti, tudo é tão pequeno,


menos Portugal, a teus pés sereno


e imenso, na imensa epopéia das ondas,


vencidas por suas velas e suas sondas.





Torre de Belém, como estás solitária,


meditando em tua história lendária !





Onde estão os teus cruzados da vela?





Onde, teus marinheiros, caravela?





Onde, os bravos por quem o Tejo chora?





Onde estão eles? Onde estão, agora?





Torre de Belém, tu já não me escutas?


A que estás atenta? O que perscrutas?


-- “Revejo meus portugueses de joelho”,


cantando o Credo, em pleno Mar Vermelho!





Já não atento a nada que me acerque:


Tenho saudades do Grande Albuquerque!”.


Ah!...Em vão, em vão o vento os procura


na noite de Portugal, triste e escura.





Em vão percorre as ameias desertas,


o convés vazio, as janelas abertas...


Em vão por teu mastro o vento perpassa,


desejando as brancas velas e a graça


de oscular nelas a cruz de sangue,


onde, por amor, Cristo morreu exangue.





Quer arrancar-te desse ancoradouro,


levar-te p’ra o heroísmo imorredouro,


levar-te sobre as ondas do oceano,


em cruzada contra mouro e otomano.





Em teu convés de pedra o vento chora,


porque já não sais pelo mar afora,


as velas do heroísmo e da proeza


enfunadas ao vento da grandeza,


a combater contra o novo Baal,


branca caravela de Portugal !





Ah !... Em vão o vento


sopra o seu lamento,


no Tejo saudoso,


triste e silencioso,


já sem caravelas...





Onde estarão elas ?





E vai nos Jerônimos soluçar


com o Gama e Camões a rogar


a ressurreição gloriosa e imortal


da alma-caravela de Portugal!





“Não mais, musa...” Caravela, jamais?


Terás naufragado? Não tornarás mais?





Oh Torre de Belém, tu não vês que o vento,


buscando as velas, por um momento,


de ti se afasta, deixa o Mar de Palha,


e vai pelas serras até a Batalha ?





Quem sabe lá, quem sabe lá, talvez,


exista inda um coração português,


um coração digno do Condestável,


e capaz de, intrépido e indomável,


desafiar a terra, o mar e o mundo,


desprezando tudo o que é vil e imundo.





Torre de Portugal, em vão, em vão...


Já não há mais portugueses então?





Já não há mais cristãos atrevimentos?


E para que o mar? E para que o vento?


Para que brilham as estrelas belas,


se já não há mais brancas caravelas ?





Se os portugueses não vão mais vencê-las,


por que, no mar, as ondas e as procelas ?





Se há verdades, não almas para crê-las,


como singrariam ousadas caravelas ?





Portugal, tuas glórias como esquecê-las?





Como olvidar, oh Torre, o que revelas?





E não haverá mais quem ame a glória?


Não há mais quem ouça o vento da História,


trazendo aos bons filhos de Afonso Henrique


a voz das ondas e os brados de Ourique,


e bem alto proclamando: “Real ! Real !


Por Afonso, alto Rei de Portugal “?.





Não há mais senão almas sem grandeza,


almas vis, insensíveis à proeza ?





Não haverá senão homens incréus,


que olham só p’ra a lama e não para os céus ?





Terra de Portugal, geme e chora;


geme com o vento, com o Tejo chora.








Ajoelha-te aos pés da Virgem e implora.


Ela só pode te valer agora,


que a ralé infame renega em tuas praças,


tua Fé, tua glória e tuas graças.





Chora, oh terra de Santa Maria,


que dos teus sofres a tirania !





Chora por tua queda e apostasia,


porque em ti, Portugal, reina a baixeza.





São teus ídolos número e torpeza.


Amastes a chulice e a vulgaridade,


sofismas e mentiras da impiedade.




Chora a tua surdez pelo heroísmo,

e teu repúdio ao Catolicismo.

OS PECADOS DA NAÇÃO



Chora, sim, Portugal, os teus muros


cheios de lemas imbecís e impuros:





Viva o MAF ! Viva a Demagogia!


Viva Marx ! Viva a Pornografia!





Torre de Belém, que desolação!


Que vergonhosa capitulação!





Portugal, que crepúsculo de lama,


que noite suja abafou tua chama !





Torre de Belém, oh alma imortal,


coração épico de Portugal,


inflama-te, pulsa, pulsa de novo,


e faz correr nas veias de teu povo


o sangue heróico que enrubesce a face,


pelo amor da proeza que renasce.





Oh Torre de Belém, torre imortal,


desperta, ressuscita Portugal !


Dá-lhe sede de horizontes distantes,


desprezo pelas coisas infamantes.


Caravela de Portugal, “Plus Ultra!”





Leva a rubra cruz das velas Plus Ultra!


Retorna a ser o que foste em Ourique,


de joelhos com Dom Afonso Henrique !


Repudia as trinta moedas do teu escudo,


que só na cruz de Cristo terás tudo !





Branca Torre, conta, conta o segredo


de tua grandeza heróica e sem medo!





Diz para Portugal o que te disseram


o vento e o mar, que teus bravos venceram.





Portugal, escuta o vento da História !


Escuta a Torre cantar tua glória !





Quando o vento sopra, vindo do mar,


fala das almas a cristianizar,


de povos rudes a civilizar .





E quando o vento vem da velha terra,


fala de bravura de alma e de guerra,


do Condestável, da Virgem Maria


que disse que tua Fé não morreria.





Fé que te deu grandes alentos


p’ra sempre mais cristãos atrevimentos !


E se a Fé em ti não perecerá,


então, Portugal jamais morrerá !





Promessa de Fátima, garantia


do triunfo do Coração de Maria !





Garantia que a branca caravela


de novo singrará o mar, e mais bela,


velas brancas ao vento da proeza.





Promessa que é, de vitória e certeza


de que o triunfo de Maria profetiza,


e o século vinte anatematiza !





Promessa de Fátima que anuncia


aos pastores lá na Cova da Iria,


vibrante, qual trombeta triunfal:





Real ! Real ! Por Deus ! Por Portugal !





Portugal, terra de Santa Maria,


ouve a mensagem da Cova da Iria !





Oh Torre, oh caravela sacral,


roga, roga à Virgem por Portugal !


Oh Torre de Belém, se estás de pé,


vive a alma de Portugal pela Fé !





Torre de Belém, querer resoluto,


a Portugal heróico em ti revejo.





Oh caravela ancorada no Tejo,


que desejo do Bem absoluto !





De Deus infinito, ah! que desejo !





Torre de Belém,


branca flor, alma de glória imortal !





Torre de Belém,


branca caravela de Portugal !»



Professor Orlando Fedeli, in Tradição Católica

* * *
Neste dia, festa do teu Imaculado Coração, venho pedir-te que não esqueças, o que em Fátima prometeste aos Pastorinhos.

A devoção deste povo ao teu Imaculado Coração é bem expressa nas dezenas e centenas de milhares de portugueses que seguem o teu andor nas procissões em tua honra e não só em Fátima mas por tantos outros lugares e cidades de Portugal como ainda, há poucos dias, no Porto

Não deixes de atender às nossas súplicas de filhos desnorteados e confusos neste vendaval que o inimigo, cuja cabeça esmagada pelo teu calcanhar, parece ressurgir com furor redobrado atacando a sociedade no mais profundo dos seus alicerces: a família.

Com a promulgação de leis torpes e iníquas que, no fundo, mais não fazem que tornar públicos os pecados privados, por mais aberrantes que possam ser; o ataque ''cerrado'' aos jovens desde a mais tenra idade, pervertendo e destruindo a sacralidade do corpo humano, tudo isto, Senhora Minha, deve amargurar o teu Coração Imaculado de forma indizível.

Talvez seja chegada a hora de intervires novamente na história desta Nação milenar que soçobra.

E, se não for ainda o momento, peço-te que o abrevies e nos dês a força e o ânimo que tanto precisamos. Ámen.


(AMA, Convento em Monte Real, 2010.06.12), in Spe Deus

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