quarta-feira, 20 de abril de 2011

JESUS CRISTO AMOU-NOS E PURIFICOU-NOS DOS NOSSOS PECADOS PELO SEU SANGUE


1. Mas, antes passar adiante, detenhamo-nos a contemplar o nosso Redentor já morto sobre a cruz. Digamos primeiro ao Seu Divino Pai: "Pai eterno, olhai para a face do vosso Cristo", vede que é o vosso único Filho, que, para cumprir com o vosso desejo de salvar o homem perdido, veio à terra, tomou a natureza humana e com ela todas as nossas misérias, excepto o pecado. Ele, enfim, fez-Se homem e quis passar toda a Sua vida entre os homens como o mais pobre, o mais desprezado, o mais atribulado de todos, e chegou a morrer, como vedes, depois de os homens lhe haverem rasgado as carnes, ferido a cabeça com os espinhos e atravessado os Seus pés e mãos com os cravos na Cruz.

Nesse madeiro, Ele expira cheio de dores, desprezado como o homem mais vil do mundo, escarnecido como falso profeta, blasfemado como impostor sacrílego, por haver dito que era Vosso filho; tratado e condenado a morrer como criminoso e dos mais violentos. Vós mesmo Lhe tornastes a morte tão dura e desolada, privando-O de todo o alívio. Dizei-nos que delito cometeu contra Vós esse Vosso Filho tão querido, para merecer um castigo tão horrendo? Vós conheceis a Sua inocência, a Sua santidade; por que o tratais assim? Escuto a Vossa resposta: "Por causa dos crimes do meu povo eu o feri".

Sim, Ele não o merecia, nem podia merecer castigo algum sendo a inocência e santidade mesma. O castigo vos era devido por vossas culpas, pelas quais merecestes a morte eterna, e Eu, para não vos ver a vós, minhas amadas criaturas, condenadas eternamente, para vos livrar de tão grande desgraça, entreguei este Meu Filho a uma vida tão atribulada e a uma sorte tão acerba. Pensai, ó homens, até que ponto Eu vos amei. “Assim Deus amou o mundo, que lhe deu o Seu Filho Unigénito” (1 Jo. 4,9).

2. Permiti que eu agora me volte para Vós, Jesus, meu Redentor. Eu vejo-Vos sobre essa Cruz, pálido e abandonado, sem fala e sem respiração, porque já não tendes mais vida; sem sangue, porque já o derramastes todo, como havíeis predito antes da Vossa morte: “Este é o Sangue do Novo Testamento, que será derramado por vós” (Mc. 14,24). Não tendes mais vida, porque a destes para que minha alma vivesse, porque o derramastes para lavar os meus pecados. Mas por que perdeis a vida e dais todo o Vosso sangue por nós, míseros pecadores? S. Paulo diz-nos o porquê: “Ele amou-nos e entregou-se a Si mesmo por nós” (Ef. 5,2).

Assim, este Divino sacerdote, que foi ao mesmo tempo sacerdote e vítima, sacrificando a Sua vida pela salvação dos homens que amava, completou o grande sacrifício da cruz e concluiu a obra da redenção do género humano. Jesus Cristo, com a Sua morte, tirou o horror à nossa morte: até então ela era unicamente o suplício dos rebeldes, mas, pela graça e méritos do nosso Salvador, tornou-se um sacrifício tão caro a Deus, que, se o unimos como o da morte de Jesus, tornamo-nos dignos de gozar da mesma glória que goza Deus e de ouvir um dia como esperamos: “Entra no gozo do teu Senhor”.

Santo Afonso Maria de Ligório

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