terça-feira, 19 de abril de 2011

"Pelas lágrimas de Maria"


"Pelas lágrimas de Maria, pela última agonia, Senhor tende de mim compaixão"

Estes versos tão simples de um cântico religioso sem pretensões gravaram-se profundamente em mim.

E vêm à mente ao contemplar a Vossa Face posta em agonia.

A última agonia… Que força nesta expressão. Cada etapa da agonia é como que um fim, do qual brota não o fim, mas uma outra agonia ainda pior. E assim, de dor em dor, de requinte em requinte, se chega à agonia extrema, em que a morte vai rompendo os vínculos últimos e mais profundos que ligam a alma ao corpo.

Última agonia de um Corpo pavorosamente atormentado… agonia de uma Alma em que a perfídia humana causou todas as tristezas que se possam conceber. É a parte mais atroz da vossa Paixão. Maria Santíssima, que tudo vê e tudo sente, chora. O Céu se tolda. A terra parece prestes a estremecer de horror. As vozes do povo hostil procura impregnar de vulgaridade a cena sublime.

Enquanto isto, um brado de dor partido do vosso peito sobe até o Céu: "Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?" (Mat. 27, 46).

É a hora do triunfo supremo da iniquidade. É também a hora da misericórdia extrema, das conversões inesperadas e miraculosas. A alma do Bom Ladrão vai-Vos esperar no limbo. E milhões e milhões de almas, pelos méritos infinitos da Vossa última agonia, pelo valor impetratório das lágrimas de Maria, por todos os séculos vão converter-se, meditando nesse passo da vossa Paixão.

Entre estas, Senhor, ponde-me a mim. Quebrai o gelo de minha vontade tíbia. Queimai as minhas vis condescendências para com as pompas e obras de Satanás. Fazei de mim um filho da Luz, forte, puro, destemido, terrível para vossos adversários como se fora um exército em ordem de batalha.
"Pelas lágrimas de Maria, pela última agonia, tende de mim compaixão".

Tudo se acabou: "consummatum est" (Jo 19, 30)

A Vossa cabeça pende inerte. Uma paz majestosa, suavíssima e divina mostra-se em todo o Vosso Corpo. Estais cheio de paz, ó Príncipe da Paz.

Mas em torno de Vós tudo é aflição e perturbação. Aflição extrema no Coração de Maria e no pugilo de vossos fiéis.

Perturbação no universo inteiro. O sol obscurece, a terra treme, o véu do Templo rasga-se, os algozes fogem. Mas Vós estais em paz.

Sim, porque tudo se consumou. Porque a iniquidade patenteou sua infâmia até o fim. E porque Vós patenteastes até o extremo a Vossa divina perfeição.

Pelos méritos superabundantes da Vossa Paixão e Morte, é dado aos homens reconhecer toda a beleza da Luz e todo o horror das Trevas. Para que sejam filhos da Luz e irredutíveis inimigos das Trevas.

Ao pé da Cruz está Maria. Que sublimes meditações se dão no íntimo dAquela de quem narra o Evangelho que, já no início da vossa vida terrena, "guardava no seu coração todas as coisas" que Vos diziam respeito (cf. Lc 2, 51).

Imaculado Coração de Maria, Sede da Sabedoria, comunicai-me uma centelha, por pequena que seja, da vossa lucidíssima e ardorosíssima meditação sobre a Paixão e Morte do vosso Filho, meu Redentor, para que eu a guarde como fogo sagrado e purificador, no íntimo da minha alma.

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