O fanático é a antítese do herói e do entusiasta.
Enquanto o herói e o entusiasta lutam por uma causa justa, o fanático assume uma atitude de intolerância às ideias alheias. O herói e o entusiasta podem até morrer pela causa que defendem, mas jamais o fazem para aumentar o número de prosélitos. O fanático, contrariamente, não recusa meios violentos e até cruéis para os conseguir. O fanatismo está geralmente ligado ao dogmatismo, isto é, à crença numa verdade ou num sistema de verdades que, uma vez aceitas, não devem mais ser postas em discussão e rejeitam a discussão com outros
Do ponto de vista psicopatológico, todo o fanatismo parece ter relação com a fuga da realidade. A crença cega ou irracional parece loucura quando se manifesta em momentos ou situações específicas, porém se a sua inteligência não está afectada, o fanático aparentemente é um sujeito normal.
No entanto, torna-se um ser potencialmente explosivo, sobretudo se o fanatismo se combinar com uma inteligência tecnologicamente preparada. Um fanático inteligente é um perigo para a civilização.
O fanatismo parece surgir de uma estrutura psicótica. O facto do sujeito se considerar como o único que está no lugar de certeza absoluta, de "ter sido escolhido por Deus para uma missão, já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatras diagnosticarem aí uma loucura ou psicose.
(...)
O sentimento que no fundo sustenta o fanatismo e o fascismo não é a fé, nem o amor [Eros], mas o ódio [Thanatos] e a intolerância. O desejo do fanático "autêntico" é dominar o mundo com o seu sistema de crenças cheio de certezas. No plano psíquico, o lugar do recalque torna-se depósito de ódio e desejo de eliminar todos os que atrapalham o seu ideal de sociedade.
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