domingo, 21 de novembro de 2010

NOTA DO VATICANO SOBRE AS PALAVRAS DO PAPA

«No final do décimo capítulo do livro "Luz do mundo", o Papa respondeu a duas perguntas sobre a SIDA e o uso de preservativos, questões que remontam ao debate que se seguiu às palavras do Papa sobre este assunto, na sua viagem à África em 2009.

O Papa confirma claramente que, nessa ocasião, não quis tomar posição sobre a questão do preservativo, em geral, mas tinha a intenção de argumentar fortemente que o problema da SIDA não pode ser resolvido apenas com a distribuição de preservativos, é necessário mais: prevenir, educar, ajudar, aconselhar e estar com as pessoas, tanto para evitarem a doença como para acompanhar as que já estão doentes.

O Papa também observa que também na Igreja se desenvolveu uma consciência semelhante, como o demonstrado pela teoria do chamado método "ABC" (Abstinência, Fidelidade e Condom - preservativo), em que os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais na luta contra a SIDA, enquanto o preservativo é finalmente apresentado como uma alternativa, enquanto faltam os outros dois elementos. Portanto, deve ficar claro que o preservativo não é a resolução do problema.

O Papa amplia depois a sua visão e insiste em que concentrar-se somente no preservativo significa a banalização da sexualidade, perdendo esta o seu significado de expressão do amor entre pessoas e tornar-se uma "droga".
Combater a banalização da sexualidade é "parte do esforço para garantir que a sexualidade é valorizada e pode exercer o seu efeito positivo no ser humano na sua totalidade."

À luz desta visão ampla e profunda da sexualidade humana e da sua problemática actual, o Papa reafirma que "é claro que a Igreja não considera que os preservativos como solução verdadeira e moral" para o problema da SIDA.

Assim, o Papa não reforma ou muda a Doutrina da Igreja, mas a re-afirma, colocando-se numa perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como uma expressão de amor e responsabilidade.

Ao mesmo tempo, o Papa considerou uma situação excepcional em que o exercício da sexualidade é um risco real à vida do outro par.
Nesse caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas considera que o uso de preservativos para reduzir o risco de infecção é um "primeiro acto de responsabilidade”, um primeiro passo no caminho para uma sexualidade mais humana ", ao invés de não usá-lo, colocando em risco a vida de outra pessoa. Nesse sentido, o raciocínio do Papa não pode ser definido como uma mudança revolucionária.

Muitos teólogos morais e personalidades da Igreja autorizadas afirmaram e afirmam posições semelhantes. Mas é verdade que ainda não tínhamos ouvido falar tão claramente dos lábios de um Papa, embora de uma forma coloquial e não Magisterial.

Bento XVI dá-nos, portanto, corajosamente, uma contribuição importante para esclarecer e aprofundar uma questão muito debatida. É uma contribuição original, uma vez que, por um lado mantém a fidelidade aos princípios morais e demonstra sinceridade ao rejeitar uma caminho ilusória, como é "a confiança no preservativo”.

Por outro lado, no entanto, expressou uma visão ampla compreensiva e atenta para descobrir os pequenos passos – ainda que apenas iniciais e ainda confusos – de uma humanidade espiritual e culturalmente muito pobre, para um exercício mais humano e responsável da sexualidade.»

Tradução da minha responsabilidade.

Original (em espanhol) em Logos

3 comentários:

  1. Como dizem aqui no Brasil, Bento XVI "escorregou na maionese".
    A falta que faz um papa realmente tradicional...
    E depois ter que vir sempre apagar o fogo, que isso não é magistério, é opinião pessoal etc.
    Para se ver o estrago prolongado que uma educação teilhardiana/rahneriana/balthasariana faz...
    Ferdinand

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  2. Continuo sem compreender porque é que tanta gente reage com tanta estupidez a essa notícia. Mas mudou ou vai mudar alguma coisa neste mundo por causa desse novo dado acrescentado pelo Papa? Será que o público visado ouve realmente o Papa? Não tenho dúvidas de que, usando ou não preservativo, vai continuar a haver cada vez mais infectados pelo HIV neste mundo. As pessoas sempre fizeram o que lhes dá na real gana mesmo...

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