terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Senhores Jornalistas: O Papa não aprovou o uso de preservativos."



No seguimento de um pedido de um leitor, o Alex, vai aqui a tradução que ele recebeu por e-mail, em espanhol, de um texto a analisar - e muito bem - toda esta polémica (que de polémico não tem nada, porque nada de novo foi dito) à volta das declarações papais:

"Grande discussão irrompeu nos jornalistas (sempre ávidos de escândalo), devido a um artigo muito infeliz no L'Osservatore Romano, que violando o período de embargo estabelecido pelos editores, apresentou alguns parágrafos fora do contexto do novo "livro-entrevista" de Bento XVI, intitulado "Luz do Mundo", pelo jornalista alemão Peter Seewald, e que sairá para as bancas a 23 de Novembro.

O que desencadeou o escândalo foi uma parte tirada do contexto da resposta dada pelo Santo Padre a Seewald, quando lhe foi perguntado sobre o uso do preservativo na luta contra a SIDA.
O parágrafo publicado no L'Osservatore Romano diz:

“Pode haver casos exclusivos em que se justifique, por exemplo, quando uma prostituta usa o preservativo, este pode ser o primeiro passo em direcção a uma moralização, uma responsabilidade primordial de desenvolver uma nova consciência do facto de que nem tudo é permitido nem se pode fazer tudo o que se quer. No entanto, este não é o verdadeiro caminho para combater a infecção pelo HIV. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade.”

A partir desta palavra do Papa, a media em todo o mundo foi rápida a escrever manchetes onde diziam, com estas ou outras palavras, que o Papa tinha aprovado o uso de preservativos.

A primeira coisa a verificar é a tradução em espanhol do que o Papa realmente disse, em alemão, para a questão de Seewald.

No texto original em alemão, o Papa falou em "männlich Prostituierte", que significa "prostituto" (não prostituta) e vale a pena apontar que o Papa está a falar do preservativo como instrumento de luta contra a SIDA e não do preservativo como anticoncepcional.

Misteriosamente, o termo "männlich Prostituierte" preserva o género masculino na tradução em Inglês, falando de "prostituto", mas mudou de forma arbitrária por “prostituta” nas traduções para espanhol, italiano e francês. Eu não sei se o erro foi do L'Osservatore ou das editoras que publicam o livro, mas isso vai ser corrigido.

O que disse o Papa, se tomarmos as palavras originais em alemão, é pura e simplesmente que se um prostituto homossexual usa o preservativo (com o único propósito de não contaminar e disseminar outros com o vírus da SIDA), isso pode sinalizar o começo de uma moralização, em que homem está a perceber (no interior), que não pode fazer com a sua sexualidade o que quiser.

O jornal L'Osservatore Romano publicou a seguinte pergunta-resposta, na qual o Papa explica que a Igreja não pode aprovar o uso de preservativos como algo que seja moralmente aceite.

Seewald: Então que a igreja católica realmente não se opõe, em princípio, ao uso de preservativos?
Bento XVI: Ela [a Igreja] claro que não considera o preservativo como uma solução real ou moral, mas num caso ou outro, pode haver, no entanto, a intenção de reduzir o risco de infecção, como um primeiro passo para uma maneira diferente e mais humana de viver a sexualidade.

Eu não acredito que tivesse havido uma omissão intencional do L'Osservatore Romano.
Mas é bastante ridículo que os jornalistas tivessem publicado que o Papa “aprova o preservativo”, pelo simples facto de que não levam em conta que, para o Papa poder aprovar o uso de preservativos, primeiro teria que cancelar, mediante um decreto magisterial (e não numa entrevista coloquial) a Encíclica Humanae Vitae, a Casti Connubi, a Evangelium Vitae, o Catecismo da Igreja Católica etc..

Em suma, senhores jornalistas, já que nada o Papa não justificou o o uso do preservativo, nem para as prostitutas, nem para ninguém."

Autor: Lucrecia Rego de Planas | Fonte: Catholic.net

5 comentários:

  1. Agora só preciso que comente o esclarecimento do Vaticano que diz que o Papa se referia quer a homens e mulheres.

    Espero que admita o seu erro.

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  2. Esse esclarecimento está onde? Que erro? O erro de tentar compreender o que o Papa disse?

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  3. João, muitíssimo obrigado pela tradução! Eu queria muito saber o que estava dizendo o texto! Deus lhe pague!
    Cordialmente, Alex.

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  4. Salve Maria!
    Esta tentativa de ficar "justificando" a grande bobagem que o Papa teve a infelicidade de falar não adianta nada!
    Ele como grande intelectual que é, sabia muito bem a repercursão que este infeliz texto traria para ele e para a Igreja! Não acredito que seja tão inocente a ponto de não desconfiar que isto viraria um bafafá... enfim, é isto aí que estamos vendo!

    A respeito da apologia do "sexo seguro" francamente já temos as famigeradas campanhas do governo, de algumas Ongs e etc... não é assunto que deveria interessar ao Papa!

    A ele basta cuidar das suas ovelhas, com a DOUTRINA, levando-as a um caminho de santidade e buscando a salvação destas almas!

    Seja um homem prostituto ou não, por acaso o uso do preservativo o levaria para o céu??? Seria causa de sua salvação???

    Se a resposta é NÃO! Não é assunto para a Igreja ficar colocano o nariz! Digo também referindo-me a Bispos e padres.

    Olha eu amo o Papa, mas desta vez ele pisou na jaca legal!

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  5. Gente, esta mania minha de digitar e não fazer uma correção antes de enviar o que comento ainda me mata de vergonha...

    Errata: "repercussão" e "colocando"...

    isto é fruto de minha raiz caipira, kakakakaak... do meu mineirês!

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