sábado, 13 de novembro de 2010

Quem se lembra de Fátima?

"A Santíssima Virgem está muito triste porque ninguém faz caso da Sua mensagem,
nem os bons nem os maus."





"Além desta grande visão do sofrimento do Papa [na terceira parte do Segredo de Fátima], que podemos em suma referir a João Paulo II, são indicadas realidades do futuro da Igreja que pouco a pouco se desenvolvem e se mostram. (...) O importante é que a mensagem, a resposta de Fátima, basicamente, não trata de situações particulares, mas da resposta fundamental que é a conversão permanente, penitência, oração e as virtudes cardeais, fé, esperança, caridade. (...) Hoje nós vemos de modo realmente aterrorizador que a maior perseguição à Igreja não vem dos inimigos externos, mas nasce do pecado na Igreja."

(Papa Bento XVI, a bordo do avião na viagem de Roma para Lisboa, a 11 de Maio de 2010)

* * *
O presente artigo foi publicado em português no jornal Sim Sim Não Não há mais de dez anos. Muita coisa mudou desde então: o Papa reinante não é mais João Paulo II, a última das videntes de Fátima, a Irmã Lúcia, morreu e o Vaticano apresentou um documento e uma interpretação que diz corresponder à totalidade do Terceiro Segredo revelado por N. Sra. Uma coisa, porém, permanece: o generalizado menosprezo pela mensagem de Fátima, que levou Irmã Lúcia a dizer: "Padre, a Santíssima Virgem está muito triste porque ninguém faz caso de Sua mensagem, nem os bons nem os maus. Os bons continuam seu caminho, mas sem se preocupar da mensagem. Os maus, visto que o castigo de Deus não os fere no momento, continuam sua vida de pecado sem fazerem caso da mensagem".


O esquecimento sobre as Aparições


No dia 13 de Maio de 1995 ocorreu o 78º aniversário da primeira aparição da Santíssima Virgem Maria em Fátima, Portugal, em 1917. Esse grande evento, manifestação realmente excepcional da Misericórdia divina, é agora deixado no mais profundo esquecimento e isso, precisamente, por culpa da hierarquia católica. Sobre a única sobrevivente dos três pequenos videntes, Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado, mais conhecida sob o nome de irmã Lúcia (Lúcia dos Santos), paira o silêncio há vários anos. Enclausurada no Carmelo de Coimbra desde Março de 1948, ela recebia periodicamente visitas autorizadas das mais diversas personalidades eclesiásticas, de cardeais a simples pesquisadores sobre as aparições, assim como uma importante correspondência vinda de todos os cantos do mundo.

Mas já a partir de 1954 (durante os três últimos anos do reinado de Pio XII) as visitas começaram a ser reduzidas pelas autoridades competentes, para terminar por serem completamente suprimidas a partir de 1960. Nesse ano estava prevista a leitura pública, pelo Papa, do famoso "terceiro segredo" de Fátima, leitura que — como se sabe — não foi feita. Ao contrário, a partir desse ano, Irmã Lúcia não pôde mais falar com ninguém sobre as aparições, nem mesmo por carta. Com excepção dos cardeais, aos quais não se aplicam as proibições da clausura, dos parentes mais próximos e benfeitores conhecidos das autoridades, ninguém pode se aproximar do parlatório do convento. As permissões de visita são dadas pelo prefeito da Congregação pela Doutrina da Fé, mas este (o Cardeal Ratzinger) há muitos anos não concede nenhuma.


Assim, foi imposto à Irmã Lúcia uma clausura dentro da clausura. É um facto surpreendente que, por si só, já dá uma ideia do ambiente no Vaticano. Aquela que, nesse século, pode testemunhar ter visto e ouvido a Santíssima Virgem Maria (e Nosso Senhor) é mantida num isolamento total, muito além das regras mais rígidas da clausura. Que o Vaticano tenha adoptado a orientação de apagar e de fazer esquecer Fátima, resulta também do fato de que a obra científica fundamental e oficial sobre as aparições - os quatorze volumes do padre Alonso, nos quais esse pesquisador de valor recolheu, classificou e comentou 5396 documentos - essa obra esteja pronta desde 1976, mas a sua publicação ainda não tenha sido autorizada pelas autoridades competentes.

Na realidade, a hierarquia parece não ter compreendido a importância da "mensagem de Fátima". Senão os Papas teriam-se empenhado com outro ardor em satisfazer os pedidos. Começando pelos actos de culto ordinário e extraordinário, pedidos repetidas vezes por Nossa Senhora e por Jesus em pessoa, nas visões e nas mensagens com as quais a Irmã Lúcia foi gratificada de 1917 à 1952 (pelo que sabemos). Referimo-nos ao pedido de instituir a Comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados do mês em honra do Imaculado Coração de Maria e de Lhe consagrar publicamente, explicitamente e solenemente a Rússia, em união manifesta de todos os bispos.


(...)

Uma terrível advertência!


Quando o Céu ordena, o homem nada pode fazer conforme o seu parecer. Ele deve, ao contrário, seguir o exemplo de Naaman, o Sírio, que se deixou convencer em entrar sete vezes nas águas do Jordão para curar a lepra, obedecendo assim literalmente ao que lhe tinha ordenado o profeta Eliseu, apesar da coisa lhe parecer, no momento, absurda, ofensiva e mesmo ridícula (2º. Livro dos Reis). Curar-se da lepra apenas com sete imersões consecutivas nas águas de um rio!

E, no entanto, isso acontece justamente porque a omnipotência divina é capaz disso e de qualquer outra coisa. Os Papas citados acima não tiveram, evidentemente, a Fé de Naaman. Não creram que, de um simples acto de consagração, pudesse decorrer, pela vontade divina, um evento imenso, de porte histórico decisivo, tal como a conversão da Rússia ao catolicismo.

Mas, então, a consagração da Rússia será feita? Os Papas continuarão a ignorar os pedidos divinos? Não. A consagração será feita, mas tarde. E o que profetizou Nosso Senhor à vidente, repetindo o que a Santíssima Virgem Maria tinha dito em Fátima, numa visão que remonta à 1931, em Rianjo, na Espanha, diante da atitude passiva de Pio XI: "Dê a conhecer a meus ministros, dado que eles seguem o exemplo do Rei de França, atrasando a execução de meu pedido, que continuarão na infelicidade. Nunca será tarde demais para recorrer à Jesus e a Maria... Como o Rei de França, eles se arrependerão e o farão, mas será tarde...".

A referência ao rei de França concerne à visão de santa Margarida Maria Alacoque, que a transmitiu a Luís XIV em 1689, de consagrar explicitamente a França ao Sagrado Coração de Jesus; mas nem o rei de França, nem seus sucessores responderam a esse pedido, com excepção de Luís XVI, que fez a consagração quando já era "tarde", isto é, quando a monarquia já tinha sido abatida e ele encontrava-se prisioneiro no Templo, na véspera da sua execução. Segundo a profecia, deveria acontecer aos Papas alguma coisa parecida, por causa da sua negligência e da sua obstinação: um Papa fará finalmente a consagração, levado pelas circunstâncias gravíssimas, situação que se pode imaginar de extremo perigo para a Igreja. Sobre o papado flutua, ex voce Christi, mesmo se expressa numa revelação privada, a profecia de um castigo severo por causa da desobediência e da sua falta de Fé repetidas vezes, profecia cuja realização pode naturalmente tornar-se inútil por uma mudança de sentimento e de conduta dos destinatários, do momento que Deus nos deixa o uso do nosso livre arbítrio. Profecia terrível, na qual não foi dita, no entanto, "tarde demais", mas "tarde", deixando assim entendido que, depois desse acto tardio, haverá para a Igreja o renascimento.

Nenhum papa depois de Pio XII pareceu inquietar-se com essa terrível advertência, talvez porque a profecia e praticamente todo o conjunto da mensagem de Fátima sejam, de facto, consideradas como divagações da reclusa de Coimbra.


A questão do terceiro segredo


A omissão, por uma recusa obstinada e constante, perdurou em seguida de maneira mais grave em relação à divulgação do terceiro segredo de Fátima. Por esse nome entende-se, como se sabe, a terceira parte do segredo comunicado aos três videntes na sexta-feira, 13 de Julho de 1917, segredo divulgado depois gradualmente no decorrer dos anos seguintes, por Irmã Lúcia (com excepção do terceiro segredo). O segredo (que os videntes disseram ter recebido, sem no entanto nada revelar, não obstante as pressões, intimidações ou ameaças) é, na realidade, um todo coerente.

Ele contém "três coisas":

- a visão do inferno;
- a proclamação da vontade de Deus de estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria para salvá-lo do castigo da II Guerra Mundial (profetizada com extrema clareza), devoção cujas manifestações deveriam ser a prática da comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados do mês e a consagração da Rússia, a qual nos referimos mais acima. Na segunda parte do segredo, Nossa Senhora, depois de ter dito que a I guerra mundial acabaria em breve, parece vincular a eclosão da II Guerra Mundial à falta de conversão da Rússia.

- Enfim, há a terceira parte ou o "terceiro segredo", posto por escrito pela vidente em janeiro de 1944 numa página de caderno que foi enviada dentro de um envelope fechado, no dia 17 de maio de 1944, para o bispo de Leiria (que não quis ler) e transmitido a Roma, dia 16 de abril de 1957. Pio XII também não quis lê-lo. Segundo as indicações da Irmã Lúcia, a publicação do segredo deveria ter sido feita em 1960.

A vidente sempre deu a compreender que essa parte do segredo de Fátima não podia, por causa do seu conteúdo, ser do domínio público como as duas outras: quanto à sua divulgação, ela a confiava às autoridades eclesiásticas superiores e não à simples ordem do seu confessor. Os Papas que leram o 3º. segredo e que são responsáveis da sua não difusão são: João XXIII, Paulo VI e o Papa actual, João Paulo II.

O terceiro segredo começa quase com certeza, com a última frase do texto no qual Irmã Lúcia nos fez conhecer as duas outras partes da mensagem de Fátima. E essa frase é: "em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc".

A presença do "etc" demonstra que Irmã Lúcia quis dar a entender que a frase em questão não é uma profecia isolada dirigida exclusivamente a Portugal. (o que alguns tentaram sustentar), mas o início de um anúncio sobre a manutenção do dogma da Fé nas nações cristãs. O terceiro segredo concerne, segundo todas as probabilidades, à manutenção do depósito da Fé, o que quer dizer que seu objecto específico é a Santa Igreja.

É muito provável que nele estejam sinteticamente profetizados os graves transtornos que o catolicismo viria sofrer, por causa da hierarquia impregnada de modernismo, "estuário de todas heresias", a partir do Concílio Vaticano II.

A traição da Fé por culpa de pastores, escravos da heresia, é certamente antecipada no terceiro segredo: é por isso que a Igreja oficial actual, que é a Igreja na qual esses pastores detém as alavancas do poder, evita torná-lo público e tudo faz para deixá-lo cair no esquecimento.

Não se trata pois do fim do mundo, como se procura insinuar, embora não se possa excluir à priori que sejam anunciados também castigos materiais (aliás já claramente previstos na segunda parte da mensagem de Fátima). O terceiro segredo concerne à Igreja, à dolorosa obscuridade da Fé da qual somos testemunhas cada vez mais horrorizadas. Podemos também deduzir que seja assim pelo que disse o Papa actual à Irmã Lúcia no seu breve encontro de 13 de maior de 1982, e que ela relatou ao cardeal Oddi em 1985: que não era oportuno divulgar o segredo porque o mundo "não o compreenderia".

Ou, como disse o cardeal Ratzinger ao jornalista Messori, que não era oportuno divulgá-lo porque se exporia "ao perigo de utilizarem o seu conteúdo com sensacionalismo". Se se tratasse do fim do mundo, o público não compreenderia? Ele compreenderia, e como! E o que poderia haver no segredo que, não somente faça sensação, mas seja difícil de compreender pelos fiéis, se não a revelação ex voce divina, sancionada por um Papa que clamará ao mundo quando fizer uma leitura pública do famoso texto, que a Igreja oficial actual é uma Igreja apóstata da Verdade católica, dessa verdade proclamada e defendida durante dezanove séculos?

Será que os fiéis não deveriam já ter percebido isso há muito tempo?

O que eles pensam de uma Igreja que:
  • no lugar do culto de Deus, pratica o culto do homem e da mulher;
  • que tirou a Santíssima Trindade da Santa Missa, dos seus discursos e dos pensamentos dos fiéis;
  • que afirma crer em um "Deus único" idêntico para todas as religiões, inclusive as mais hostis ao Cristianismo;
  • que não fala mais do pecado original, nem da imortalidade da alma, nem do Julgamento particular e, finalmente, nem do Paraíso;
  • que deixa crer que o inferno está vazio;
  • que, quando é constrangida a lembrar, no Novo Catecismo, as verdades tradicionais do catolicismo, o faz apresentando-as como opiniões (subjetivas) da tradição da Igreja e não como verdades (objetivas) em si e por si;
  • que instituiu um Novus Ordo Missae considerado como aceitável pelos protestantes, quer dizer, por heréticos;
  • que passa sempre sob silêncio a natureza divina de Cristo, porque se a proclamasse, como é seu dever, desapareceria rapidamente o que chamam "diálogo";
  • que afirma que Jesus já salvou todo o mundo, morrendo sobre a Cruz, mesmo aqueles que não crêem que Ele é o Filho de Deus;
  • que não considera mais a conversão do mundo a Cristo como seu dever fundamental, porque tentar converter seria uma violência à "liberdade de consciência" dos adeptos das outras (falsas) religiões;
  • que abraçou em tudo e por tudo os métodos e os conceitos e, assim, os erros da teologia protestante;
  • que honra os "mártires" dos heréticos e elimina os seus próprios do calendário;
  • que trabalha incansavelmente a unificar o catolicismo com todas as outras religiões e seitas, dissolvendo-o, assim, no abraço do falso ecumenismo;
  • que fala somente, e de maneira inoportuna, dos problemas desse mundo, políticos em particular, e nunca da vida Eterna;
  • para a qual no lugar do catolicismo inventou-se um humanismo deísta, parecido ao dos maçons, o qual, em nome de um igualitarismo abstracto e verbal, fomenta o espírito de rebelião e o ódio por toda autoridade legítima, incitando grupos sociais inteiros a esperança messiânicas completamente anticristãs?
Poderíamos continuar. Poderíamos encher páginas com a lista das infidelidades e traições cometidas por homens actuais da Igreja. Não todos, certamente, apesar de ser verdadeiro o provérbio: Quem cala consente. E que acabam tornando-se cúmplices, mesmo sem querer. Será que não há, em toda a Igreja Católica, um só bispo ou cardeal, capaz de elevar-se contra a moda dominante, para defender em alta voz o dogma da Fé?


Fonte: Revista Sim Sim Não Não n°39, março de 1996; no site Permanência.


* * *

Muito rapidamente....

Que Nosso Senhor conceda coragem ao Santo Padre para divulgar NA ÍNTEGRA o que falta à Mensagem de Fátima!

Nossa Senhora, no Segredo, falou da salvação das almas - com a visão do Inferno e com as suas palavras.

Falou nas nações - a Rússia, os erros que dela viriam (ou ainda virão) caso não fosse consagrada publica e oficialmente ao Seu Coração Imaculado.

Falou, enfim, de... um atentado ao Papa (??).

É uma coisa gravíssima, um atentado, um ataque à própria Igreja, na pessoa do Santo Padre, neste caso o Papa João Paulo II. Mas, no enquadramento da Mensagem, fala-se das almas, das nações...não seria de esperar que, por lógica, Nossa Senhora proferisse algumas palavras sobre a Igreja?

Tanta pergunta que ficou por responder...

Porquê a data de 1960, tantas vezes referida pela Irmã Lúcia como a data para se poder revelar o Segredo? E porque essa data foi ignorada pelo Papa João XXIII, que se recusou a divulgá-lo? Estragaria, o Segredo, algo de "muito bom" que o mesmo Papa teria para a anunciar ao mundo por volta dessa data?

Porquê o silêncio de Maria Santíssima, enquanto a visão se desenrolava aos olhos dos Pastorinhos, quando anteriormente a Senhora explicou tudo o que dizia e o que lhes era mostrado? Haverá concerteza palavras da Virgem Santíssima que não foram reveladas... Porquê?

A segunda parte do Segredo acaba com a frase "Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma da Fé...etc". Acabaria, a Virgem Santíssima, uma frase com um "etc", sem mais explicações, para de repente mostrar apenas um quadro de um Papa a sofrer, a ser morto quando chega à Cruz, no cimo de uma montanha, juntamente com outras pessoas?

O 3º Segredo trata da Igreja, portanto. Da crise na Igreja. Da crise de Fé. O Santo Padre hoje o disse, nas entrelinhas!

E a Igreja terá muito que sofrer, assim como o Santo Padre, pela defesa da Verdade. E será um grande bem feito às almas quando se revelar abertamente ao mundo o que falta.

O Segredo trata do pecado NA Igreja (e não DA Igreja, como se lê por aí...). Tenho para mim que não se trata só do pecado de pedofilia, mas de tantos outros pecados, principalmente os pecados contra a Fé. Por aí se percebe a referência, no final da segunda parte do Segredo, à conservação do dogma da Fé no nosso país.

E por aí se percebe, também, o porquê da data de1960...

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