quarta-feira, 4 de março de 2009

As almas do Purgatório

Esta noite, após o jantar, o tema que predominou em casa foi a morte. Esta nossa irmã (como lhe chamava São Francisco de Assis), nunca é assunto agradável. Trabalhando nós numa unidade de cuidados paliativos, é inevitável que este tema nos passe ao lado.

A morte é um assunto tão desagradável como necessário. Incomodado como fiquei hoje após a morte de um jovem pouco mais novo que eu, de 20 anos, este assunto teria de vir "à baila" durante o jantar...

Falámos do fim, do acabar-se tudo. Falámos do Céu, do Inferno, do Purgatório. Muitos dos meus colegas não acreditam no Inferno, nem no Céu, nem no Purgatório. Mas também não pensam que se acabe tudo.

Nós, católicos, sabemos pela Fé que se acaba um ciclo e começa outro. Morre-se para o mundo, nasce-se para a vida eterna. Muitos dos que partem passarão por um estado temporário de purificação, de purgação das faltas veniais ou das consequências que os pecados graves cometidos e perdoados deixaram, a eles ou a outros. É o Purgatório.

Este estado, mais desejável que temível, é assim a preparação do encontro com Deus face a face. No entanto, apesar de terem a certeza da sua salvação, os que se encontram no Purgatório sofrem muito. Dores de fogo, dores atrozes que superam a maior dor possível na terra. Apenas são superadas pelas penas do Inferno.

Mas é um mar de fogo de amor. As almas, no purgatório, sofrem por amor a Deus. Se propusesem a uma alma ser admitida à presença de Deus sem total purificação, esta, se pudesse, se lançaria mais rapidamente no Inferno. Por amor a Deus, elas desejam tornarem-se imaculadas para estarem na presença de tão grande e pura Majestade.

Anseiam encontrar-se com Deus, mas desejam purificar-se ao máximo para poderem estar na Sua presença. Sofrem muito, mas nada podem por si mesmas. Precisam da intercessão da Igreja Triunfante (Santos do Céu) e da Igreja Militante (nós, ainda na Terra). É maravilhoso como a Igreja Padecente (as almas do Purgatório) pode beneficiar com a nossa intercessão.

Como não ver um acto de caridade perfeito nas orações e sacrificios que se fazem pelos defuntos? Acaso nos lembramos de rezar por eles quando vamos ao cemitério com velas, flores, lágrimas, saudades e semblante carregado? Nada disto as pode ajudar. Vale muito mais um Pai Nosso rezado pelas almas sofredoras que todas as velas e flores na campa do finado.

Podemos fazer tanto por elas... Já pensaram na quantidade de almas que do Purgatório saíam em tempos antigos, pelas orações dos fiéis e quantas sairão nos dias de hoje?? Oferecer um Terço (ou um mistério que seja), uma comunhão (nas devidas condições), uma esmola, um sacrifício, uma Santa Missa...

A Santa Missa é o melhor alívio que se pode oferecer a uma alma padecente. No sagrado Sacrifício da Missa, é o Corpo e Sangue de Jesus que é oferecido a Deus Pai, pelo Sacerdote, tal como há 2000 anos Ele ofereceu o sacrifício da Cruz, mas na Santa Missa de forma não incruenta. Quando aplicada às almas do Purgatório, o Santíssimo Sangue de Cristo refresca e alivia de tal maneira estas almas, como quem dá um copo de água ao caminhante sequioso que atravessa o deserto em pleno Verão.

Devemos ter devoção e um carinho especial às almas que padecem penas terríveis no Purgatório. Elas se tornarão poderosas intercessoras e nós cumpriremos uma obra de misericórdia muito grata a Deus.
Rezemos pelas almas do Purgatório, especialmente por aquelas que não têm quem se lembre e peça por elas:
Requiem aeternam dona eis, Domine,
Et lux perpetua luceat eis.
Requiescant in pace. Ámen.

Repouso eterno dai-lhes, Senhor,
E luz perpétua os ilumine.
Descansem em paz. Ámen.

Santa Maria, Mãe de Misericórdia, rogai por nós e pelas benditas almas do Purgatório.

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