segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O SANGUE DOS MÁRTIRES É SEMENTE DO NOVOS CRISTÃOS

"A cruz é loucura para os que se perdem”

(1ª Co. 1:18)


A perseguição é uma das tribulações que pode nos sobrevir durante a nossa caminhada cristã na terra. Para entender o que ela significa, precisamos atentar para a palavra que Jesus usou. O cristão sofre perseguições quando é maltratado com palavras vis que são lançadas injustamente contra ele. Ele pode ser ofendido verbalmente, além de ser alvo de piada e de zombaria por parte dos outros. Pelo facto de sermos cristãos, é inevitável que isso nos aconteça. O próprio Cristo sofreu esse tipo de perseguição. Nosso Senhor Jesus Cristo, de forma injusta e cruel, foi zombado e insultado por muitos, especialmente no final da sua vida. Jesus já sabia que esse tipo de perseguição o esperava (Lc 6,32). E foi exactamente o que aconteceu com Ele antes e depois de ser pendurado na cruz:

Ele foi zombado pelos soldados, (Mt 27,29-31); pelos que passavam perto da cruz (Mt 27,39-40); pelos líderes religiosos (Mt 27,41-43); pelos dois ladrões que estavam ao seu lado (Mt 27,44). Ninguém foi tão insultado e zombado quanto o Senhor Jesus Cristo e nem será. No entanto, Ele afirmou que seus discípulos sofreriam perseguição por meio de insultos e zombarias. “Como o Senhor, também os servos”, Ele disse. Os Seus discípulos foram os primeiros a serem zombados e insultados por causa da sua fé em Cristo.

Se somos cristãos fiéis, não nos surpreendamos diante dos insultos e zombarias que nos podem sobrevir do mundo incrédulo. Estamos sujeitos a isso. Esse tipo de perseguição pode acontecer em casa, no trabalho, na escola. Alguns exemplos: O jovem cristão que não compartilha com os pecados de seus colegas descrentes na escola, vai ser chamado de quadrado, de tolo. O trabalhador fiel que evidencia sua fé cristã em seu ambiente de trabalho pode ser zombado e criticado pelos seus colegas de profissão que não conhecem Cristo (ou que conheçam e mesmo assim O desprezam).

Não nos surpreendamos nem nos irritemos com isso, mas lembremo-nos que Cristo, mais do que todos, sofreu esse tipo de perseguição e nós, como seus discípulos estamos sujeitos ao mesmo.

“Bem aventurados sois vós quando, mentindo, disserem todo mal contra vós”.

A perseguição que se dá na vida do cristão pode também expressar-se por meio de acusações falsas que são levantadas contra ele. Jesus sofreu esse tipo de perseguição da parte dos seus inimigos. Acusaram o Senhor de comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores (Mt 11,19); afirmaram falsamente que Jesus expulsava demónios pelo espírito de Belzebu (Mt 12,24). E se chamaram o dono da casa de Belzebu, quanto mais os membros de sua família, disse Jesus (Mt 10,24). Se aconteceu ao Senhor, pode acontecer na vida dos seus servos. Vemos uma evidência muito forte desse tipo de perseguição na vida dos primeiros cristãos.

Muitas acusações falsas foram levantadas contra os cristãos da igreja primitiva. Aqueles nossos irmãos, por causa de adorarem o único Deus e rejeitarem a idolatria do mundo pagão, foram acusados de ateus; aqueles irmãos, por terem Cristo como seu único Senhor e rejeitarem o culto ao imperador romano, foram acusados de anarquistas que desrespeitavam as autoridades; aqueles irmãos, que se reuniam para adorar a Deus, celebrar a Missa e expressar a comunhão dos santos, foram acusados pelos incrédulos de se reunirem para cometerem toda sorte de imoralidade. A esse tipo de perseguição os crentes estão sujeitos. O mesmo pode se dar connosco, caso sejamos fiéis a Cristo. Não nos surpreendamos se falsas acusações forem lançadas contra nós pelo facto de sermos cristãos.

Para aqueles que não querem ser perseguidos por causa da justiça e por amor a Cristo, existem meios de se evitar a perseguição:

Aprovar o padrão do mundo, conformando-se às suas ideias e costumes.

Rir de piadas sujas, deleitar-se nas novelas, programas e músicas imorais e serás bem aceito por todos;

Um jovem crente, que viva conforme a liberdade dos jovens do mundo e que faça o que eles fazem, não será perseguido.

Evitar a a fiel pregação do Evangelho que denuncia o pecado e chama o pecador ao arrependimento e a fé em Jesus, e pregar o que o mundo gosta de ouvir. Assim, ninguém vai zombar e criticar Santa Igreja.

Isso vale a pena? Existe algum proveito em deixar de ser perseguido por amor a Cristo? Não.

Isso é uma atitude de covardia. Os covardes assumem o padrão do mundo para não serem perseguidos. Eles querem Cristo e o mundo, mas isso é impossível. Eles querem achar sua vida no mundo, mas com sua atitude acabam perdendo-a. A Bíblia diz que não há lugar para covardes no Reino dos Céus (Ap 21,8). Mas por outro lado, Jesus afirma: “Bem aventurados os perseguidos”… porque deles é o Reino dos Céus.

Somos chamados por Cristo a sermos perseguidos por amor a Ele. Se queremos ser fiéis a Deus, vamos ser perseguido. Por isso, não evitemos a perseguição, mas estejamos dispostos a sofrê-la quando ela vier.

Agora, existe um tipo de perseguição que devemos evitar: é aquela que é sofrida por escândalo ou pecado. Sobre isso Pedro diz:

“Não sofra nenhum de vós como assassino, ladrão, criminoso ou como quem se intromete em negócios alheios” (I Pe 4,15). Esse tipo de perseguição é lamentável e vergonhosa, e não traz nenhum benefício para quem o sofre. Por outro lado, existe uma perseguição gloriosa e que traz alegria e bênção para quem a sofre: aquela que é sofrida por causa de nossa fidelidade a Cristo, conforme diz o apóstolo Pedro: “Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês… Se você sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus com esse nome” (I Pe 4,14-16).

Que atitude o Senhor Jesus ordenou aos seus discípulos diante da perseguição por sua causa? Regozijai-vos e exultai… (v.12). Ele está dizendo: “Alegrem-se grandemente, saltem de alegria por estarem sofrendo por meu nome”. O que isso significa? Jesus está a sugerir que fiquemos a rir no meio do sofrimento? Ou a pular de alegria quando as pessoas nos insultam e zombam por causa da nossa fé nele? Não podemos ficar tristes diante da perseguição?

Precisamos entender o seguinte: o que Jesus está nos sugerindo é que não fiquemos desesperados diante da perseguição, mas que tenhamos a plena certeza de que estamos sofrendo pela causa certa e que devemos nos alegrar por isso, pois isso resultará em uma grande bênção para nós. Os primeiros discípulos que foram perseguidos por causa de Cristo expressaram essa alegria. Os apóstolos do Senhor, depois de terem sido presos e açoitados pelos líderes religiosos da época, “saíram do Sinédrio, alegres por terem sido considerados dignos de serem humilhados por causa do Nome” (At 5,41).

A alegria de Paulo e Silas era tão grande na perseguição que eles cantavam louvores a Deus na prisão (At 16,25). Como explicar essa atitude de alegria dos discípulos de Cristo? Deus dá forças aos seus servos em tempos de perseguição. A alegria do crente na perseguição é resultado da graça do Espírito Santo que neles habita. Além disso, as promessas de Deus nos motivam a ser alegres na perseguição.

O cristão alegra-se na perseguição porque ele sabe que isso é uma bem-aventurança na vida dele. Ele confia nas palavras de Cristo: “Bem aventurados os perseguidos por minha causa”. O Senhor não nos encoraja a buscar perseguição, mas Ele afirma que estamos sujeitos a ela e que somos verdadeiramente felizes se ela nos acontece.

Qual a razão dessa bem-aventurança? Por que devemos ser alegres na perseguição? O Senhor apresenta-nos três razões:

1 - “Porque deles é o Reino dos Céus”:

Cristo promete o Reino dos Céus como uma herança para aqueles que são perseguidos por sua causa. Esse Reino é caracterizado pelo domínio de Cristo sobre seu povo que, como herdeiro desse Reino, tem a responsabilidade de viver conforme as exigências do Rei e também o privilégio de desfrutar das bênçãos desse Reino.

Observemos que Jesus inicia e termina as bem aventuranças com a promessa da herança do Reino. Essa é a promessa da primeira e última bem-aventurança. As demais promessas das outras bem-aventuranças são aspectos desse Reino. Significa dizer que, os que são herdeiros do Reino em Cristo, participam de todas as bênçãos que há nesse Reino: consolo, herança da terra, satisfação da justiça, misericórdia, ver a Deus, ser filho de Deus.

Quando reconhecemos a grande bênção de ser um herdeiro do Reino de Deus tanto agora como no mundo porvir, não fugiremos da perseguição nem se desesperaremos com ela, mas nos alegraremos em ser perseguidos por causa da justiça que é consequência do nosso amor por Cristo, pois Ele nos deu o Seu Reino como uma herança e ninguém pode tirar-nos.

2 -"Porque é grande a vossa recompensa nos céus":

O Senhor promete uma grande recompensa para aqueles que sofrem por Seu nome. O galardão do qual Jesus fala aqui é uma recompensa que Ele dará a seus servos fiéis que foram perseguidos por Seu nome. Essa recompensa é também um aspecto do Reino dos Céus. Os herdeiros do Reino receberão prémio de Deus. Esse galardão que Deus nos promete não é resultado dos nossos próprios méritos, mas é fruto da graça do generoso Deus para conosco.

Por isso, não devemos nos orgulhar de nós mesmos, mas ser humildes em reconhecer que Deus é livre para abençoar e nós, seus servos que fizemos apenas o que devíamos fazer. Quando reconhecemos que nada merecemos de Deus, mas mesmo assim Ele tem prazer em nos recompensar por nossa fidelidade, somos, então, motivados ainda mais a enfrentar as perseguições que nos sobrevêm com coragem e alegria, pois temos a certeza de que, pela graça de Deus, é grande a nossa recompensa nos Céus.

3 - "Porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós":

Considerando o contexto no qual Jesus proferiu estas palavras, logo percebemos que Ele tem em mente os fiéis profetas de Deus do Antigo Testamento. Profetas como Isaías, Jeremias, Elias, Amós e muitos outros profetas que foram perseguidos e até mortos pela causa de Deus. Ao falar dos profetas do Antigo Testamento, aqui na oitava bem-aventurança, Jesus tem o propósito de identificar os Seus discípulos e todos os cristãos com eles e, com isso, motivá-los a serem alegres na perseguição.

Que alegria traz para nós o facto de sermos identificados com os profetas do Senhor?

1) Devemos reconhecer que nós não somos os primeiros a serem perseguidos e muitos servos do Senhor sofreram piores perseguições do que nós no passado.

2) O facto de sermos identificados com os profetas indica que estamos na mesma posição deles: perseguidos e, ao mesmo tempo, bem aventurados. Isso é motivo de alegria para nós, pois sabemos que os profetas que sofreram perseguição aqui na terra, já desfrutam do consolo eterno no Céu com Cristo, e o mesmo também se dará connosco.


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